jornada do heroi 12 etapas da narrativa mítica
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Jornada do Herói: 12 Etapas da Narrativa Mítica

A jornada do herói, ou também conhecida como monomito, é tema recorrente de diversas histórias distribuídas nas mais diferentes culturas.

Esta narrativa em etapas foi identificado primeiro por Joseph Campbell, que observou padrões peculiares em histórias de sucesso por toda a humanidade.

Benção ou uma maldição para nós escritores, esse padrão pode ser observado também em livros de autores iniciantes que desejam andar próximos a está formula de sucesso e garantir um enredo coeso e interessante.

Livros como Senhor dos Anéis, Eragon, Mistborn, ou filmes, como Star Wars, Matrix e Rei Leão, são exemplos de produções que seguem a jornada do herói e mesmo com um padrão claro, são sucessos inquestionáveis.

Bom, vamos conhecer mais sobre?

A Origem do Monomito

As vezes chamado de Jornada do Herói, este conceito de jornada cíclica é apresentado a primeira vez no livro do antropólogo Joseph Campbell, intitulado The Hero with Thousand faces(O Herói de Mil Faces). Além deste, você pode descobrir mais sobre o conceito também em seus outros livros como, O poder do mito e As Transformações do Mito Através do Tempo.

Embora Campbell seja conhecido como famoso acadêmico relacionado à Biologia e Matemática, suas linhas de pesquisa também passaram pela construção dos mitos, teologia e psicologia.

Ao longo do livro, analisa diversas histórias e descobre em comum uma espécie de técnica narrativa que passa por transformações sequenciais que ajudam o protagonista em se tornar o herói.

O Que é a Jornada do Herói?

A Jornada do Herói é uma estrutura narrativa que nasceu com Josh Campbell em uma análise de diversas obras na história escrita e falada. Sua obra, O Herói de Mil Faces, gerou determinadas etapas na construção de uma narrativa mítica, como veremos à seguir.

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As 12 etapas da Jornada do Herói são:

  1. o mundo comum;
  2. o chamado à aventura;
  3. recusa do chamado;
  4. encontro com o mentor;
  5. a travessia do primeiro limiar;
  6. provas, aliados e inimigos;
  7. aproximação da caverna secreta;
  8. a provação;
  9. a recompensa;
  10. o caminho de volta;
  11. a ressurreição;
  12. e o retorno com o elixir.

Originalmente a análise tinha 17 etapas, porém anos depois Christopher Vogler, em seu livro A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores, adaptou em 12 etapas para otimizar e conduzir melhor a construção de uma história, sendo esta a mais compartilhada atualmente.

Como usar a Jornada do Herói?

Para criar sua narrativa em formato de monomito, leia os passos abaixo e siga as dicas para construir seguindo o modelo.

1. O mundo comum

No início temos a ambientação do mundo, com a apresentação do personagem principal, vinculado aos seus aspectos pessoais, com qualidades, defeitos e detalhes que permitam que o leitor encontre identificação.

Neste ponto estamos olhando o personagem como se vivesse sua vida normalmente, sem ter noção do seu futuro.

2. O chamado à aventura

Para que a aventura comece, o personagem deve se deparar com um conflito, algum chamado à aventura que o tire de sua zona de conforto. Além disso, não é necessário que seja algo dramático, como uma morte, pois pode ser apenas um desafio que o obrigue a vivenciar novas experiências.

O desafio se relaciona com coisas valiosas, como salvar seu vilarejo, ganhar fama e segurança para sua família, salvar a si mesmo de algum infortúnio, ou qualquer coisas que deseje conquistar ou manter.

3. Recusa do chamado

Perante o desafio, é natural que o medo e a hesitação permeiem os pensamentos do nosso protagonista. Não somente, mas a recusa do chamado o fará convencer a si mesmo a não sair da sua própria zona de conforto.

Mesmo que refute à aventura, o nosso personagem deseja mais que tudo a segurança e conforto dos quais dispõem, logo tentará se convencer a não seguir o caminho à sua frente.

4. Encontro com o mentor

Em meio ao impasse, nosso protagonista vai precisar de um empurrãozinho. É neste momento que encontra seu mentor, que dará a ele o necessário para enfrentar o desafio.

A imagem do mentor não precisa sempre ser uma pessoa, mas as vezes uma força sobrenatural, um objeto místico ganho ou encontrado, conselhos de parentes e amigos, poderes dados por alguma divindade ou qualquer coisa que o faça encontrar confiança para resolver o conflito e aceitar o desafio.

5. A travessia do primeiro limiar

Chega o momento em que nosso protagonista está pronto para cruzar os limites do seu mundo e o novo pelo qual deve seguir.

Aqui o novo mundo não precisa ser algo mensurável exclusivamente, mas experiências desconhecidas ao nosso protagonista. Por exemplo, a descoberta de segredos, uso de novas habilidades e o que mais achar apropriado para o tirar do seu lugar comum.

6. Provas, aliados e inimigos

Nosso protagonista ao entrar no rumo da sua própria história, começa a se deparar com desafios aos quais pode não estar preparado, como contratempos, fragilidades e obstáculos que, pouco a pouco o testam e deixam à prova do que está por vir.

Mostre uma visão profunda do protagonista, suas capacidades e descoberta de pessoas aliadas ou inimigas. Neste momento, a identificação com o leitor se torna ainda maior.

7. Aproximação da caverna secreta

Após os novos desafios e descobertas, nosso herói escolhe por se recolher em um esconderijo, seja este real ou interior. Além disso, nesta fase as dúvidas e medos iniciais retornam e ele começa a se questionar quanto as suas escolhas.

A pause necessária mostrará ao público o peso do seu fardo ou ainda o tamanho do que está por vir.

8. A provação

A provação é a perda pela qual nosso protagonista precisa passar. Todavia, pode ser uma morte, um teste impossível, um inimigo poderoso ou até mesmo um conflito interno sem limites.

Seja qual for sua escolha, deve reunir tudo que o herói adquiriu anteriormente em sua jornada. Em suma, essa provação tem intenção de transformação, por isso se comparar a morte e ressurreição para uma nova vida.

9. A recompensa

Após passar por este mortal desafio, podemos dizer que depois da tempestade vem a bonança.

A recompensa simboliza a transformação que moldou o herói de tal formar que ele ficou mais forte, não somente, pode ser algo de valor conquistado, um tesouro, uma reconciliação com o passado, ou conhecimento de novas habilidades.

10. O caminho de volta

Voltar para casa não deve oferecer perigos, mas sim momentos de reflexão e sentimento de dever cumprido.

Nosso protagonista perde a sensação de perigo iminente e reconhece sua realização pessoal ou de um bem maior.

11. A ressurreição

O ponto alto da história começa, quando a última batalha de fato se inicia e nosso protagonista é surpreendido com o ressurgimento do inimigo. Além disso, esse desafio é uma luta de vida ou morte, que pode custar a todos.

Neste momento o herói consegue destruir o inimigo para sempre, ou impedi-lo apenas, assim renascendo para sua nova vida, de fato transformado mais uma vez e de forma irreversível.

12. O retorno com o elixir

O final representa o reconhecimento próprio ou de outros, com chegada ao local de origem ou segurança, simbolizando o sucesso da aventura.

Os inimigos serão punidos, aliados serão premiados e todas as pontas soltas deverão estar amarradas e o mundo visto no começo do livro, agora é observado sob outro espectro.


Como vimos, a Jornada do Herói é um caminho bem delineado, que tem a capacidade de prender a atenção do leitor. Não somente, mas a técnica pode ser aplicada com algumas variações, tornando seu livro muito mais interessante e menos repetitivo.

Podemos relacionar este tipo de condução de enredo com a narrativa de estrutura de três arcos, ou ainda se pensarmos como um roteiro, podemos ver aspectos que foram usados para a produção da fórmula Save The Cat!. Em adicional, descubra o Método Snowflake, um planejamento de livro que ao final deixa o seu primeiro rascunho praticamente pronto!

Acredito que esses modelos de roteiros e escaletas possam dar uma boa base para você escritor criar os pilares que vão sustentar a sua história. Além disso, se você adora fazer anotações e não quer se perder, pode gostar do método Zettelkasten, maneira de fazer anotações de forma inteligente, ou ainda, do método Cornell que em uma única folha te permite resumir capítulos inteiros.

E, agora que você já desbravou e venceu o mistério das 12 etapas da Jornada do Herói, espero que consiga utilizar em seu livro e mostrar ao mundo que algumas formulas podem sim ser repetidas com muita criatividade e inovação.

Boa sorte e uma excelente escrita!

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Raphael T. A. Santos é apaixonado por SciFY e literatura, tendo estado presente nas primeiras edições das antologias do Grupo Editorial Andross, com 6 contos, possuindo também uma publicação na antologia Rupturas, produzido no âmbito do Curso de Introdução à Escrita Criativa, coordenado pelo autor Tiago Novaes e, de forma independente, o conto de terror cósmico, Umidade, e atualmente escreve suas crônicas, tópicos de escrita criativa, carreira literária e marketing no site Escrita Selvagem. Publicou o seu primeiro livro de romance, Mãe de Sal, em 2021. Frágil como Origami é o seu segundo livro.

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