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Escrita Criativa

8 Ideias de Plots de Fantasia que não Envolvem Quests (+ exemplos)

Se você está se sentindo preso, lutando contra o temido bloqueio criativo do escritor, não se preocupe! Estou aqui para ajudar, fornecendo algumas ideias divertidas de enredos de fantasia para estimular sua criatividade. Além disso, compartilharei algumas abordagens e perguntas úteis para você começar a escrever.

Antes de mergulharmos, é importante ressaltar que, neste artigo, consideraremos como Quest qualquer conflito no qual o protagonista tenha um objetivo e esteja se esforçando para alcançá-lo. No entanto, nosso foco será em enredos que vão além da estrutura tradicional da “busca”: aquela na qual o protagonista embarca em uma longa jornada, encontrando personagens peculiares em busca de um tesouro, derrotando um grande mal, procurando um artefato mágico, entre outros. Um exemplo clássico é “O Senhor dos Anéis”, no qual Frodo Bolseiro e seus companheiros buscam levar o Um Anel para se destruído na Montanha da Perdição.

Em vez disso, vamos explorar ideias de plots divertidos que não envolvem Quests tradicionais, e discutir algumas abordagens diferenciadas.

1. A revolta política

A revolta. O momento em que a tensão política que se acumulou ao longo do enredo do seu romance finalmente atinge seu ponto máximo. Movimentos são feitos para substituir séculos de monarquia, conselho, teocracia ou oligarquia. A beleza desse tipo de enredo de fantasia é que os protagonistas podem estar em ambos os lados da revolta. Será que o governo sempre foi corrupto, egoísta e infinitamente ganancioso? Então uma revolta é exatamente o que você precisa! Mas e se o governo, apesar de suas falhas, consegue administrar o país de maneira competente em comparação a uma força poderosa e sombria que busca usurpar o poder? Talvez seja hora de agitar um pouco as coisas. Em primeiro lugar, pode ser que ninguém esteja do lado certo e seu protagonista esteja lutando para se manter vivo e evitar ser esmagado por essas forças titânicas. Uma revolta política oferece oportunidades para críticas sociais, bem famosas nas distopias. Se você usar um enredo como esse, é importante mostrar os prós e contras de cada lado. Para isso, faça uma série de perguntas ao construir seu mundo e determinar o papel do seu protagonista nele.

  • Por que as pessoas apoiariam qualquer um dos lados? É crucial entender isso. Existe um lado considerado o “bem maior” para as pessoas? Se não, quais outras soluções podem surgir?
  • Que tipo de propaganda foi escolhida para influenciar o público a favor de cada lado?
  • Quais seriam as consequências caso um dos lados chegue ao poder?
  • Por que seu protagonista apoiaria um lado em detrimento do outro?
  • Existe uma solução invisível que possa beneficiar todas as partes de alguma forma?
  • Como outras nações estão lidando com essa fragmentação política? Elas tomam partido? Alguma delas se aproveita da vulnerabilidade da nação?
  • Considerando que os governantes geralmente são péssimos, de que forma eles prejudicam o povo, de modo que isso influencie sua visão de mundo?

Uma boa história envolvendo uma revolta política não se resume apenas a um conflito vago entre dois lados. Como cada personagem é afetado por esse conflito? O que eles têm a perder? Matar alguns burgueses safados é satisfatório, mas seus leitores ficarão ainda mais envolvidos quando entenderem a importância de uma vitória para o lado escolhido, especialmente para o protagonista.

2. Mundos amaldiçoados

É possível quebrar a maldição do tropo clássico? Bem, talvez. Na ficção, muitas vezes vemos personagens embarcarem em uma busca ou jornada para encontrar uma maneira de quebrar uma maldição. No entanto, nem sempre precisa ser assim. Tudo depende das circunstâncias:

  • Qual é a origem da maldição?
  • Quem foi amaldiçoado e por quê?
  • Como a maldição afeta aqueles que estão sob seu domínio?
  • O que é necessário para quebrar a maldição?
  • Quem possui o conhecimento para desfazer a maldição?

Pode ser que seus personagens precisem viajar até o covil do vilão para quebrar a maldição. Ou talvez precisem procurar por uma flor rara, ou uma pedra preciosa para criar uma poção que possa curá-los. No geral, esses cenários se encaixam na categoria de ”Quests” ou “jornadas”. Mas e se a maldição não funcionar dessa maneira? E se não puder ser quebrada e a trama se desenrolar em torno da vida após a maldição, lidando com as suas consequências terríveis? Ou talvez quebrar a maldição não envolva uma missão, mas sim uma jornada de autodescoberta. Talvez a pessoa amaldiçoada nem perceba que está sob uma maldição, e toda a história se trate de enfrentar obstáculos constantes sem entender por que parece que não conseguem encontrar uma salvação. Sua maldição pode influenciar o enredo de várias maneiras diferentes, sem necessariamente seguir o típico plot de ”partir em uma missão para quebrar a maldição” como foco principal.

3. As facções em conflito

Imagine facções em constante desacordo desde tempos imemoriais. Talvez tenha havido uma paz, mas as tensões estão tão altas que a guerra parece inevitável. Existem várias maneiras de abordar o enredo das “facções em guerra”, incluindo uma Quest, se assim desejar. Por exemplo, os protagonistas podem embarcar em uma jornada em busca de uma arma de proteção antiga pela qual ambos os lados estão lutando. Ou buscar a sabedoria de um sábio que pode fornecer orientação sobre como unir as nações em guerra. Não somente, até mesmo dizer “chega” e fundar uma nação completamente separada, onde possam recomeçar, livres das disputas mesquinhas dos nobres gananciosos e orgulhosos.

Tradicionalmente, há duas grandes facções em conflito nesse tipo de história (Horda vs. Aliança, República vs. Império, etc.), mas você não precisa se limitar a isso. Lembra da série de livros Divergente? Talvez todo o seu mundo esteja à beira do colapso, com todas as grandes sociedades prestes a entrar em guerra. Pode haver uma gigantesca Guerra Mundial em andamento, e todos os países do reino são forçados a escolher um lado ou arriscam serem cercados por todos.

Aqui estão algumas questões a serem consideradas ao escrever esse tipo de enredo de fantasia:

  • Por que as facções estão em guerra?
  • Quantas facções estão envolvidas?
  • O que cada facção tem a perder? E a ganhar?
  • Qual é a conexão do seu protagonista com cada facção? Qual é o interesse deles nesse conflito?
  • Como o conflito em andamento está afetando todas as partes envolvidas?

Mais importante ainda, pergunte-se como essa situação complexa pode ser resolvida. Como trazer paz para as forças que se desprezam há tanto tempo? E por que seu protagonista é aquele que pode fazer isso? Esse tipo de enredo de fantasia pode envolver uma Quest, com certeza, mas também pode abranger desde guerras até assassinatos, julgamentos e até mesmo a boa e velha diplomacia.

4. O Torneios

Esse tipo de conflito é comum em animes, como em Dragon Ball, Yu Yu Hakusho, My Hero Academy e em Fairy Tail. Os protagonistas enfrentam inimigo após inimigo, em uma progressão linear, com níveis de poder comparáveis ou ainda maiores. Geralmente, há um adversário em particular que deseja enfrentar o protagonista, ou que o protagonista precisa derrotar para obter o que deseja. Há muito espaço para complexidade nesse tipo de enredo de fantasia, mas também é uma ótima maneira de desenvolver uma trama que vai do ponto A ao ponto B de forma relativamente direta. Aqui estão algumas questões a serem consideradas:

  • Quais oponentes dificultarão a jornada do seu protagonista e por quê?
  • Quais oponentes têm uma conexão significativa com o protagonista e como eles se conhecem?
  • O que o protagonista precisa provar ao vencer este torneio?
  • O que torna este torneio, criado para o seu mundo, diferente de outros torneios?
  • Qual é o prêmio por vencer o torneio?
  • Quem atuaria como o antagonista nessa trama? O anfitrião do torneio? Um adversário específico? O criador do torneio? Ou talvez alguém completamente diferente?
  • O protagonista terá que enfrentar alguém próximo a ele? Como isso afetará o relacionamento deles?

Além disso, também pode ser encontrado na ficção científica, e oferece ao protagonista a oportunidade de provar a si da maneira mais direta possível: derrotando todos os adversários até ser o último em pé. Ao longo do caminho, eles certamente farão amigos, inimigos, terão sua grande batalha climática com um rival de longa data, enfrentarão obstáculos na forma de concorrentes extremamente poderosos, descobrirão mais sobre si e o que são capazes, e talvez até percebam que não precisam vencer um grande torneio para provar seu valor a ninguém.

5. Os amantes desafortunados

O trope dos amantes infelizes atrai leitores de fantasia e ficção científica por um bom motivo: adoramos ver um amor que parece impossível e torcer por esses amantes maravilhosos para finalmente terem a chance de ficarem juntos. Às vezes, leva vários livros para isso acontecer, e não sem muitos obstáculos ao longo do caminho. Às vezes, isso nunca acontece. Mas mesmo assim, torcemos por eles! Os maiores obstáculos que impedem os personagens de ficarem juntos podem não ter nada a ver com magia, mas sim com status, laços familiares ou origens sociais. Aqui estão algumas questões a serem consideradas:

  1. Por que seus personagens não podem ficar juntos?
  2. Por que eles querem ficar juntos? Os leitores não torcerão por eles se não virem o que os torna tão bons um para o outro.
  3. Como o mundo de fantasia que você construiu desempenha um papel no relacionamento deles? Por exemplo, se um dos amantes é um ferreiro e o outro é um príncipe, o que há no seu mundo que torna a união deles problemática?
  4. Eles acabam juntos? Por que ou por que não?

No final das contas, o enredo dos “amantes infelizes” se resume a isso: quando dois amantes vêm de mundos completamente diferentes. Às vezes literalmente. Como eles superam as diferenças e encontram reciprocamente contra todas as probabilidades?

6. A corrupção da magia

A parte mais sensacional dos mundos de fantasia é a construção de mundos, ou o mais famoso Worldbuilding. Por sua vez, esses sistemas podem ser tão complexos, detalhados e rígidos quanto desejado, ou suaves, vagos e misteriosos, sem regras específicas. Além disso, a magia é uma excelente ideia de enredo de fantasia quando se deseja criar um conflito que ameace o equilíbrio do próprio reino.

Imagine inserir seu protagonista em uma situação em que a mágica que alimenta o mundo esteja repentinamente à beira de um colapso. Ou considere uma situação em que a magia seja vital para o funcionamento diário, até que um dia ela desapareça completamente. O que isso causaria no mundo? Conseguiria gerar um colapso social? Como as cidades, que dependem completamente da magia, seriam afetadas se essa fonte mágica fosse interrompida? A fantasia urbana entre neste pensamento com maestria.

Além disso, é importante considerar o impacto desse evento e aqui estão algumas ideias que este enredo pode incluir:

  • A corrupção da magia, levando os usuários a enlouquecerem e os itens mágicos a se tornarem amaldiçoados.
  • A perda total da magia em um mundo onde os habitantes dependem fortemente dela.
  • Uma mudança fundamental no funcionamento da magia, como o colapso que afetou o universo na totalidade.

A maioria das pessoas não lida muito bem com mudanças. Quando algo essencial para o dia a dia é retirado delas, especialmente algo que nunca imaginaram ter que viver sem, como elas lidam com isso? Como se recuperam da perda e restauram a magia, que foi interrompida ou destruída? E é possível que o mundo siga em frente sem a presença da mesma?

7. Ecologia e ambientalismo mágico

Embora a construção de mundos mágicos permita desmantelar tudo o que sabemos sobre o meio ambiente, a sociedade e até mesmo a lógica e as leis da física, é fundamental que façamos algum tipo de comentário com o qual possamos nos relacionar aqui na Terra. Isso torna questões ambientais uma ideia de enredo de fantasia, que permite alertar os leitores sobre as consequências de brincar com a natureza. No entanto, existem questões para explorar essa ideia, tais como:

  • Caçadores gananciosos matando uma importante espécie de animal mágico. O que acontece com o mundo quando uma parte vital de seu ecossistema corre o risco de extinção?
  • Um choque entre magia e tecnologia. Os dois podem trabalhar em harmonia, ou há algum tipo de atrito que torna perigosa a fusão de ambos?
  • A força mágica da natureza se voltando contra as pessoas. O que acontece quando os animais e as plantas com as quais você sempre viveu em harmonia de repente se tornam furiosos e muito perigosos?
  • Um protagonista que trabalha com animais ou plantas neste mundo gradualmente começa a perceber que algo está mudando. Por que isso pode estar acontecendo?

Existem histórias em fantasia onde o uso da magia suga a energia do planeta e essa ação têm consequências drásticas. No RPG Dark Sun, os magos tiram da natureza a magia, mas isso acabou por deixar seu mundo desértico no maior estilo Mad Max. Por isso, não é muito difícil relacionar questões ecológicas em seus livros de fantasia, por mais que possa achar que não.

8. O protagonista “impotente”

Seja abordando superpoderes, ações tecnológicas ou magia, o enredo do protagonista impotente é extremamente versátil e oferece ao protagonista muitos desafios desde o início, simplesmente porque eles não possuem as habilidades que todos os outros têm a sorte de ter.

Claro, você pode fazer da sua história uma busca por descobertas, onde o protagonista pode descobrir que possui um poder único que se manifesta de maneira diferente dos outros. Ou talvez eles realmente não tenham poderes, mas encontrem uma maneira de obtê-los, adquirindo-os de forma diferente dos outros. Além disso, talvez sua história seja sobre o protagonista navegando pelo mundo totalmente sem poderes, provando que não precisa de habilidades sofisticadas para ser um herói ou realizar grandes feitos.

Mesmo que você não queira criar um romance de ficção científica/fantasia ou um conto onde as apostas não sejam muito altas, um protagonista sem uma habilidade lhe dá a oportunidade de destacá-los, independentemente do conflito. Alguns exemplos incluem:

  • Um mortal vivendo entre seres eternos.
  • Uma pessoa comum vivendo entre seres mágicos.
  • Um ser humano vivendo entre monstros.
  • Um não-super vivendo entre superpoderosos.
  • Uma pessoa imperfeita vivendo numa sociedade onde todos são perfeitos.

Aqui estão algumas perguntas que você pode para trabalhar o tema:

  • O que torna a vida diferente para essa pessoa, especialmente se é a única sem poderes?
  • Se não é a única, como é a vida de outros sem poderes?
  • Como os outros tratam seu protagonista?
  • Se você está traçando paralelos com o mundo real de alguma forma, que paralelos você está tentando estabelecer e como pode fazê-lo de maneira sensível?

Em resumo, as ideias de enredo de fantasia são vastas e oferecem infinitas possibilidades para criar histórias envolventes. Desde maldições intratáveis até guerras entre facções, torneios mágicos emocionantes, romances impossíveis, disrupções mágicas drásticas e protagonistas “impotentes”, há uma infinidade de caminhos para explorar.

Lembre-se de que cada enredo pode ser transformado com reviravoltas inesperadas e elementos únicos para tornar sua história verdadeiramente cativante. Permita que sua imaginação voe e mergulhe nesse mundo de fantasia, onde você pode criar universos mágicos e personagens inesquecíveis.

Portanto, se você está pronto para começar sua jornada de escrita, escolha uma ideia que ressoe com você, desenvolva-a com detalhes fascinantes e mergulhe na magia da criação de um enredo de fantasia único e envolvente.

Agora é sua vez. Que tipo de enredo de fantasia você está ansioso para escrever? Deixe sua criatividade fluir e comece a construir seu próprio mundo de maravilhas e aventuras. Boa escrita e boa sorte em sua jornada!

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