Pirâmide de Freytag: explicação da estrutura dramática
A Pirâmide de Freytag é um conceito que qualquer escritor obcecado com a estruturação de enredo encontrará inevitavelmente. Embora soe intimidante, essa teoria é, na verdade, uma maneira direta e eficaz de organizar a narrativa. Neste artigo, exploraremos os elementos que compõem a Pirâmide de Freytag e como você pode usá-la par escrever seu livro.
O que é a Pirâmide de Freytag?
A Pirâmide de Freytag é uma estrutura dramática introduzida pelo escritor alemão do século 19, Gustav Freytag. Inspirado pela tragédia grega clássica e pelo drama de Shakespeare, Freytag desenvolveu essa estrutura observando os padrões dessas obras. Embora existam explicações que identifiquem até 7 elementos, o arco narrativo original de Freytag se concentra em 5 atos-chave:
- Introdução
- Ascensão ou Ação Ascendente
- Clímax
- Retorno ou Queda
- Catástrofe
É importante destacar que a Pirâmide de Freytag não é uma estrutura única que se aplica a todas as histórias. Ela se destina principalmente a tragédias clássicas e dramas shakespearianos, onde há uma reviravolta na trama que culmina em uma catástrofe para o protagonista. Portanto, essa estrutura pode ser menos relevante para narrativas não trágicas no qual o protagonista geralmente alcança algum tipo de vitória.
Assim como a Jornada do Herói, a Estrutura de Três Atos e outros modelos, a Estrutura de Cinco Atos de Freytag é apenas uma das muitas abordagens que os escritores podem utilizar para criar uma história completa e satisfatória.
Embora a Pirâmide de Freytag tenha sido originalmente concebida para o teatro, as ideias de Freytag são, em última análise, sobre narrativa, portanto, também podem ser aplicadas a romances, memórias e contos semelhantes.
Estrutura da Pirâmide de Freytag
Vamos analisar o que cada um dos atos da Pirâmide de Freytag implica e como eles se aplicam.
Ato 1: Introdução
O primeiro ato possibilita orientar o leitor e colocar a história em movimento. Ele responde às perguntas “onde estamos?” e “o que está acontecendo?”. Este ato estabelece o ambiente, as circunstâncias dos personagens e fornece informações sobre o cenário, arquétipos e a história de fundo. Pode ser dividido em exposição e incidente incitante, onde a exposição apresenta informações sobre os personagens e suas relações, enquanto o incidente incitante é o evento que desencadeia a mudança na trama.
Ato 2: Ascensão ou Ação Ascendente
O segundo ato é um período de crescente tensão e complexidade na trama. Os eventos desencadeados pelo incidente incitante ganham impulso, revelando o que está em jogo para os personagens. Neste ponto, uma falsa esperança começa a surgir, proporcionando uma sensação de alívio temporário. Este ato envolve suspense, ansiedade e desenvolvimento de personagens.
Ato 3: Clímax
No modelo da tragédia, o clímax não é o grande confronto final, mas um ponto sem retorno. É o momento decisivo que muda tudo. Pode ser um evento dramático ou uma revelação interna que faz com que o enredo se desenrole ainda mais, geralmente piorando as coisas.
Ato 4: Retorno ou Queda
Após o protagonista cruzar o ponto sem retorno, a trama avança com uma sensação crescente de inevitabilidade. Este ato apresenta momentos de alta tensão, onde a tragédia se torna iminente.
Ato 5: Catástrofe
A catástrofe é o ponto na qual o personagem atinge o ponto mais baixo. Pode assumir várias formas, como morte, ruína financeira ou perda de respeito. É o momento em que todos os medos do personagem se tornam realidade.
Como fica o final do livro então?
O final de um livro usando a Pirâmide de Freytag pode variar dependendo da história, mas geralmente segue um padrão de resolução após o clímax. Aqui está uma explicação geral de como o final se encaixa na estrutura da Pirâmide de Freytag:
- Exposição (Introdução): No início do livro, os personagens e o cenário são apresentados. O leitor aprende sobre o conflito central que impulsionará a história.
- Ação Crescente (Rising Action): Conforme a história se desenrola, os personagens enfrentam desafios e obstáculos que aumentam a tensão. O conflito central se torna mais complexo.
- Clímax: O ponto culminante da história, onde o conflito atinge seu ponto mais alto. É o momento de maior tensão e incerteza. Os personagens enfrentam uma escolha ou desafio crucial que determinará o resultado da história.
- Ação Decrescente (Falling Action): Após o clímax, a história começa a se acalmar. Os personagens lidam com as consequências de suas ações no clímax.
- Desfecho (Denouement): O final da história, onde os conflitos são resolvidos e as questões pendentes são esclarecidas. Os personagens podem experimentar algum tipo de transformação ou revelação que os afete.
Em resumo, o final de um livro usando a Pirâmide de Freytag é a fase de desfecho onde os leitores percebem as resoluções para os conflitos e questões apresentados ao longo da narrativa. É onde os personagens podem encontrar a redenção, o aprendizado ou o destino que a história lhes reservou. O final possibilita amarrar os fios soltos e proporcionar um senso de conclusão e satisfação aos leitores.
A Pirâmide de Freytag é uma ferramenta incrivelmente valiosa para a compreensão e criação de narrativas envolventes. Além de possibilitar a conexão emocional com os personagens, ela capacita os escritores a estruturarem suas histórias de maneira eficaz e aprofundada. Ao dominar os cinco atos dessa estrutura, você adquire a capacidade de identificar as nuances na trama e, assim, criar narrativas verdadeiramente cativantes e memoráveis. Portanto, ao abraçar a Pirâmide de Freytag como sua aliada, você estará no caminho certo para contar histórias que envolvem e ressoam profundamente com seus leitores.
Se você gostou deste conteúdo pode gostar também de:
- Show Don’t Tell: Mostre vs Não Conte na Escrita (com exemplos)
- Método Snowflake: 6 Passos para um Rascunho de Livro Perfeito
- Save The Cat! — Como Estruturar o Roteiro de um Livro?
- A Estrutura de Três Atos: Planejamento e Escrita do Livro
- Jornada do Herói: 12 Etapas da Narrativa Mítica
- Escaleta: Técnica de Estruturação do Enredo
- A promessa da Virgem: contando histórias que celebrem o poder feminino
- A Jornada da Heroína de Maureen Murdock
- Kishotenketsu: uma jornada para uma estrutura narrativa única