erros e acertos na historia de star wars jedi survivor
Resenhas

Erros e Acertos na História de Star Wars Jedi: Survivor

O sucesso de Jedi: Fallen Order faz com que sua continuação, Star Wars Jedi: Survivor, tivesse um peso ainda maior na expectativas dos jogadores. Minha inclusive. Porém, este game é a combinação perfeita de entretenimento e contar boas histórias, afinal, um jogo, livro, filme, série para televisão ou o que for, sem uma boa história, não é nada.

Se por um lado existem grandes reclamações com FPS ou qualquer desempenho (joguei no PS5 no dia 1 e não tive nenhum problema sério de desempenho), no outro devemos lembrar dos problemas técnicos, mapa incompreensível e uma obrigatoriedade de voltar todo o cenário que seu predecessor tinha que essa sequência escapou com maestria.

Este é um site sobre literatura e por causa disso, boa parte da análise aqui será influenciada por uma visão de escritor e roteirista.

Este conteúdo pode conter leves spoilers da trama, caso você não tenha jogado ainda o jogo, esteja avisado.

Worldbuilnding

Jedi: Survivor expandiu com um rico mundo aberto este novo universo, em vez de adicionar alguns rasos planetas. Se antes tínhamos a sua pequena mesa com plantas, agora Cal Kestis, após coletar as sementes na natureza terá um jardim inteiro no telhado do bar de Greeze no planeta que vai chamar por um tempo de lar, Koboh. O bar, Pyllon Saloon, permitirá maior imersão no mundo com NPC´s que podem ser recrutados para o estabelecimento, liberando diálogos e missões que vão elevar ainda mais a imersão em Koboh. Além disso, há um minigame, uma espécia de Xadrez automático em holograma, que vai te lembrar daquela famosa hologame dos filmes antigos dentro da Millennium Falcon, onde você pode implantar unidades que derrotou em batalha e escaneou com seu adorável androide, BD-1, para desbloqueá-las.

Voltando aos planetas. Survivor se beneficia de um número menor de planetas para explorar, mas faz de Koboh um mundo aberto vasto, com localidades recheadas de inimigos, desafios e muita vida selvagem que pode tanto ajudar como atrapalhar. Se por um lado o mundo aberto pode ser algo maravilhoso, também pode ser um pouco entediante, já que nem sempre você têm a habilidade para atravessar um lugar, ou ainda, a mínima noção se a abertura fica a poucos passos, ou se está bem abaixo dos seus pés. A falta de barreiras visíveis implica em muitos casos em momentos de querer jogar da janela da nave o próprio Baby Yoda.

Por fim, tudo que os fãs conhecem de Star Wars está presente. Riqueza de culturas e espécies. Os diálogos vão apresentar muitos detalhes do mundo de Koboh e até de outros, também como presentar os jogadores mais ousados com grandes referências a Era Antiga República e detalhes que nunca vimos nos filmes, como o sangramento do cristal Kyber (quando um usuário da força coloca todo o ódio, medo e sentimentos ruins na pedra do seu sabre de luz e altera a cor para o vermelho).

Personagens

Novos personagens e antigos retornam. Antes de mais nada, me incomoda um pouco o relacionamento genuinamente tolo e tocante, entre Cal e Merrin, que se desenrola no cenários tempestuoso do planeta Jedha. Temos muito pouco desenvolvimento de personagem no que toca o tempo entre o primeiro e segundo jogo, por mais que eles tenham passado por situações parecidas, sua união parece demasiada rápida. Outro problema, Merrin é claramente pansexual, em Fallen Order ela menciona uma nightsister que era muito apegada e que queria viver até o fim da vida, no livro Star Wars Jedi: Battle Scars, Quando Sam Maggs, autora do romance, concluiu sua experiência com Fallen Order, sabia que queria escrever um livro explorando a história da personagem Merrin sob sua própria perspectiva. O estúdio de desenvolvimento do jogo, Respawn Entertainment, estabeleceu Merrin como pansexual, mas tanto a empresa quanto a Lucasfilm queriam que essa característica ficasse mais claramente definida como canônica na continuidade. Maggs ficou empolgada com a oportunidade de explorar ainda mais a pansexualidade de Merrin em seu livro. Porém, em Jedi: Survivor parece que isso nunca aconteceu, o que é um claro problema de personagem. Não que vá mudar a trama, mas é um detalhe que faz a diferença para muitos jovens que se apaixonaram pela personagem e se identificaram com a mesma, sem isso, é como se apagasse algo da identidade dela e agora, não conseguimos mais a reconhecer graças ao romance forçado. Adoro o casal Cal e Merrin, desde o primeiro jogo, mas esperava mais respeito a ela neste segundo.

Falando de Cal Kestis, aqui temos tudo que um Jedi lutando em um mundo dominado pelo império. Reconhecemos temas familiares, perda, raiva, obsessão, poder e impotência que são emoções tradicionais no universo de Guerra nas Estrelas, mas são justamente tornando nosso protagonista tão amado e por quem torcemos para as coisas darem certo.

Temos duas mortes marcantes, de dois personagens que me pareceram tão gratuitos que não eram mais do que duas ovelhas colocadas apenas para servirem ao banquete dos lobos. O piro de tudo é que nesta continuação foram tão mal explorados, que é clássico descarte de personagens, quando o roteirista não sabe mais o que fazer com eles.

Enredo

Koboh é um planeta inspirado no oeste selvagem, completo com garimpeiros em busca de tesouros, fala arrastada do sul, montarias montáveis e confrontos de cinto fora do Saloon, o que claramente está sendo feito de forma divertida, fazendo da inclusão do blaster mais do que necessária na realidade deste mundo.

Jedi: Survivor é, sem dúvida, uma atualização visual e sua exploração geralmente é uma explosão, mas também tem o problema moderno de seus ambientes de alta fidelidade serem tão detalhados que as dicas do cenário se tornam difíceis de ler. Dessa forma, você acaba abrindo seu mapa a cada 10 segundos para ver para onde ir, e às vezes parece que a história anda muito em linha reta.

Minha maior reclamação será com os vilões desta sequência. Primeiro, temos um que parece sair direto dos quadrinhos (não que seja ruim, mas eles apagaram o universo expandido e agora querem de volta, haha!), suas motivações aparecem nos primeiros segundos e somos jogados na sua trama sem ao menos desejarmos isso. Por mais que tenham contado sua história, não consigo me convencer das suas atitudes e me parece que para alguém que esperou tanto tempo, seria mais fácil que tivesse usado Cal Kestis e não praticamente querer matá-lo no primeiro encontro. Em segundo lugar, o grande plot twist, nesta final, quando o verdadeiro vilão decide aparecer, não me gerou tantas surpresas, afinal, já tinha uma ideia que estava sendo enganado, mas não sabia por quem. Como o primeiro, suas motivações são ainda mais falhas, se não, bem piores.

O bode expiatório desta continuação fez de tudo para parecer uma boa pessoa, pior que realmente em muitos níveis estava claro que sim, mas sua mudança de personalidade e sem ao menos tomar uma atitude adulta de sentar a conversar com Cal, me parece que apenas jogaram essa trama no meio de tudo e esqueceram do que estavam fazendo. Na cena do planeta Nova Garon, tudo aquilo poderia ter acontecido se ambos tivessem conversado, se como expectador percebo que ambas as situações dariam no mesmo desfecho, por qual motivo foi escolhido o pior? No final, os dois personagens nunca teriam morrido e este suposto vilão poderia ter gerado uma boa adição na luta contra o império.

Para quem terminou o jogo, me responde. Se matam seu pai, você ficaria feliz e saltitante na nave do assassino? ERRO DE ROTEIRO GROTESCO!!!!


Por fim, eu não posso deixar de enfatizar: Star Wars: Jedi Survivor é maravilhosamente divertido. As habilidades de Cal foram expandidas e os cenários tornaram-se ainda mais elaborados. É sempre divertido jogar-se contra as paredes, tirolesas e agora agarrar ganchos como um pinball humano. É aconselhável que os jogos de Star Wars tenham um pouco de besteira, de companheiros genuinamente engraçados como Greeze e BD-1. Na verdade, esta é a responsabilidade que Respawn tem com Star Wars. Sua falta de foco e enredo bem construído é a única coisa que o impede de ser uma obra-prima dos video games.

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