12 Arquétipos de Personagens Que Todo Escritor Deve Conhecer

Os arquétipos de personagens podem ajudar escritores de todos os gêneros literários a obter uma melhor compreensão da sua narrativa.

Neste artigo, vamos explorar o que são os arquétipos dos personagens, abordando alguns dos mais populares e como evitar que seus protagonistas se tornem estereotipados e cheios de clichês.

O que é um arquétipo de personagem?

Na narrativa, o arquétipo é um personagem que representa um conjunto específico de comportamentos visíveis. Carl Jung, sugeriu que os arquétipos fazem parte do inconsciente coletivo humano. Ou seja, ele acreditava que essas representações são partes integrantes do senso comum a todos os seres humanos.

Se formos acreditar no pensamento de Jung unido com a Jornada do Herói de Joseph Campbell, nossas histórias e mitos são partes intrínsecas do desenvolvimento e evolução da nossa sociedade. Além disso, são ferramentas de aprendizado, formas de alertar uns aos outros sobre os perigos das interações e o meio mais simples de examinar o comportamento de uns com os outros.

Não estou dizendo que os arquétipos são partes da nossa essência e imutáveis, na verdade, são formas de caráter que mais ressoaram ao longo de gerações. Por sua vez, são tipos de papéis nas histórias que mais aparecem e costumam ter as mesmas características.

Os termos originalmente usados em O Herói de Mil Faces por Campbell e os arquétipos de Jung soam um pouco estranhos, por isso, neste artigo vou tomar a liberdade de altera-los para uma abordagem mais contemporânea.

Os arquétipos são clichês ou personagens comuns?

Não é bem assim. Os arquétipos permitem diminuir o número de padrões, o que é realmente útil para direcionar a personalidade dos seus personagens.

Todavia, os personagens comuns se tornam clichês quando os detalhes sobre suas vidas se tornam repetitivos e previsíveis. Uma jovem presa na torre esperando ser salva por um herói. Um anão obcecado por riquezas e duro em suas ações. O salvador “escolhido” para proteger um mundo caotico. Todos estes, elementos repetidas e repetidas vezes até a exaustão.

Agora, se você quiser ter certeza que seus personagens não são clichês, recomendo ler os nossos artigos sobre arcos de personagens e desenvolvimento de personagens.

12 arquétipos de personagens

Cada arquétipo de personagem tem um conjunto único de pontos fortes, fraquezas e desejos que conduzem seus enredos. Não somente, alguns desses arquétipos estão descritos com gêneros, mas não leve isso ao pé da letra.

Aqui estão 12 arquétipos de personagens mais comuns na ficção:

1. O Guerreiro

Normalmente um personagem com um plano. Preparado com um conjunto particular de habilidades e com força de vontade, o guerreiro/herói conquistará o vilão e o vencerá. Este personagem mesmo que competente sofre uma crise de confiança em seu ponto mais baixo, da qual deve superar se quiserem voltar ao topo.

Pontos fortes: Coragem, força (física ou mental) e habilidade.

Fraquezas: Excesso de confiança e ego.

Desejos: Salvar o dia e provar seu valor.

Exemplos: Hércules, Ulisses, Aragorn de O Senhor dos Anéis e qualquer personagem de Jason Momoa.

2. A Criança

Para amadurecimento, o inocente passa por algo marcante para crescer. Esse arquétipo segue personagens jovens ou ingênuos que observam o mundo através de lentes fantasiosas, até que a realidade de verdade apareça. Isso não quer dizer que se tornem pessoas amarguradas com quem eram antes da mudança, mas aprenderão algumas lições sobre o mundo e a vida.

Pontos Fortes: Otimismo, entusiasmo e imaginação.

Fraquezas: Ingenuidade e impotência física.

Desejos: Ser feliz (ou mais feliz).

Exemplos: Mary em o Jardim Secreto, Dorothy de O Mágico de Oz.

3. O Órfão

O sonho de ser transportado do mundo obscuro para um universo melhor e por vezes fantasioso é algo que em algum momento acontece em nossas vidas. Não é a toa que os órfãos são tão utilizados como protagonistas. Além disso, eles têm mais a ganhar com a sorte e nem sempre precisam ser órfãos, mas na maioria dos casos, estes personagens estão em buscas de uma nova “família”.

Pontos fortes: Instinto de sobrevivência, empatia e perseverança.

Fraquezas: Falta de confiança e necessidade de agradar aos outros.

Desejos: Prosperar e se conectar com os outros.

Exemplos: Harry Potter, Oliver Twist, Matilda de Roald Dahl.

4. A Criadora

Para esse arquétipo de personagem, nada é mais valioso do que a vontade de fazer algo. Em muitas histórias, um criador será talvez o criativo de algum tipo e disposto a sacrificar seu próprio bem-estar e relacionamentos em busca de um objetivo/sonho abstrato. Por causa da sua obsessão, os criadores geralmente acabam pagando um preço pessoal muito caro.

Pontos fortes: Criatividade, motivação e capacidade de executar seus sonhos.

Fraquezas: Sacrifício pessoal, perfeccionismo e ego.

Desejos: Criar algo de valor para criar seu legado.

Exemplos : Remy de Ratatouille , Dr Jekyll de Dr Jekyll e Mr Hyde e Willy Wonka.

5. O Cuidador

A marca pessoal deste personagem é o seu altruísmo. eles podem ser uma mãe, um pai, esposa, marido ou melhor amigo, quem quer que seja, fará de tudo para proteger um filho, um aprendiz, amor ou amigos. É bem raro o cuidador ocupar um espaço na história, mas essa é a natureza de sua personalidade.

Pontos Fortes: Generosidade e abnegação.

Fraquezas: Também altruísmo, afinal estão abertos à exploração e isso pode ser perigoso.

Desejos: Proteger e ajudar os outros.

Exemplos: Eva em Precisamos Falar Sobre Kevin , Samwise de O Senhor dos Anéis, Mary Poppins.

6. O Mentor/Sábio

O protagonista costuma possuir um tipo de personagem que funciona como mentor e que o preparará para as provações que virão. Às vezes, esse mentor ou sábio, é um cuidador. Outras vezes, pode ser um mago, um incapaz ou experiente em algum ofício. Seja qual for a forma que assumam, estão lá para guiar o herói pelo desconhecido.

O propósito original deste arquétipo foi provavelmente convencer as gerações mais jovens a ouvir os mais velhos e por vezes, mais frágeis.

Pontos Fortes: Sabedoria e experiência.

Fraquezas: Cautela e incapacidade de agir.

Desejos: Ajudar o herói a ultrapassar seus limites e entender o mundo.

Exemplos: Gandalf em O Senhor dos Anéis, Mr. Miyagi em Karate Kid e Obi-Wan Kenobi em Star Wars.

7. O Coringa

O tolo, o palhaço, o bobo da corte, o hedonista, o coringa. Esse arquétipo tem muitas faces, mas se você vir algum personagem dizer algo como “Calma, cara” ou “Relaxe”, então provavelmente ele é o Coringa. No mito, os Coringas costumam agir para dar advertência, alertando as pessoas para não perderem muito tempo em busca do que objetivos bobos. Na cultura moderna, eles costumam ser o alívio cômico.

Pontos fortes: alegria e simpatia.

Defeitos: Frivolidade.

Desejos: Viver o hoje e ser feliz.

Exemplos: Timon e Pumbaa de O Rei Leão , Tigrão de Winnie the Pooh.

8. O Mago

Personagens aspirantes aos grandes mestres. Direcionados por sua natureza inquisitiva, os Magos procuram a iluminação, mas em contra partida ao sábios e mentores, também querem impor sua vontade no mundo que os rodeia. Esse personagens são clássicos na fantasia e podem impressionar muitos, mesmo que sejam realmente feiticeiros, suas habilidades costumam estar além da compreensão.

Pontos Fortes: Conhecimento e poder.

Fraquezas: Arrogância e prepotência.

Desejos: Criar ordem a partir do caos e dobrar o mundo à sua vontade.

Exemplos: Sherlock Holmes, Dr. Strange, Jay Gatsby de O Grande Gatsby.

9. O Governante

A coroa em sua cabeça costuma tem um peso extra. Qualquer sociedade costuma ter um líder, mas como esse líder consegue lidar com poder absoluto? O que eles farão para manter o controle e a ordem? Estes que governam com bondade e compaixão, ou quem sabe, com mão de ferro?

Pontos Fortes: Liderança, carisma e poder.

Fraquezas: Incapacidade de delegar e desconfiança.

Desejos: Controlar, manter o poder.

Exemplos: Macbeth, Miranda Priestly de O Diabo Veste Prada , Sr. Burns de Os Simpsons.

10. A Rebelde

Um rebelde é alguém que escapa do status quo sem medo de ser feliz. Diante de uma sociedade injusta, são aqueles que têm a vontade de derrubar o status quo. Um rebelde pode ser um líder carismático, mas também pode trabalhar em segredo. Eles podem ser lutadores da liberdade e os primeiros a colocarem fogo no parquinho.

Pontos fortes: desenvoltura e perseverança.

Fraquezas: Pequeno em poder, status e recursos.

Desejos: Mudar o mundo ao seu redor.

Exemplos: Katniss Everdeen de The Hunger Games , Ferris Bueller, Hester Prynne em A Letra Escarlate .

11. O Amante

Assim como o Cuidador, esse arquétipo fará qualquer coisa por amor. Podem ser um príncipe, um mendigo, uma celebridade ou quem quer que sejam, têm amor em suas vidas e isso os torna mais motivados e dedicados do que você pode imaginar. A desvantagem da paixão é que muitas vezes estão dispostos a sacrificar tudo por aqueles que amam, o que pode ser uma passagem só de ida para a tragédia.

Pontos Fortes: Devoção e paixão.

Fraquezas: Vontade de sacrificar identidade, vida e liberdade.

Desejos: Estar em um relacionamento.

Exemplos: Edward de Crepúsculo , Romeu e Julieta.

12. A Sedutora

“Posso te dar o que você quiser”, é o refrão da sedutora, uma personagem que vem em todas as formas, tamanhos e gêneros. Vilões sedutores! Eles podem oferecer poder, amor, dinheiro ou influência, mas lembre-se, essas coisas sempre vêm com um preço. Se uma sedutora está envolvida, a moral da história é quase sempre: “Não acredite em nada que seja bom demais para ser verdade”.

Pontos fortes: Sedução, carisma e falta de moral.

Fraquezas: O vazio de suas promessas.

Desejos: Controle.

Exemplos: Mefistófeles em Fausto , Dalila de Sansão e Dalila , quase todas as personagens femininas de A Odisseia .

Subvertendo as expectativas arquetípicas

Em The Seven Basic Plots, do autor Christopher Brooker, somos levados em sua visão sobre a natureza da narrativa e da criação dos mitos. A resposta básica é que não existem mais histórias únicas para contar, sendo a maioria concentradas em heróis em busca de algo e retornando com seu objetivo cumprido.

Com isso em mente, o enredo de Romeu e Julieta e quase parecido com Crepúsculo da autora Stephanie Meyer. Ambos pertencem ao mesmo arquétipo de amantes infelizes. Por outro lado, a diferença está nos detalhes: a maneira comos personagens falam, o cenário, os conflitos e os gêneros literários distintos. Mesmo que o o livro siga um arco de narrativa semelhante, a historia toma caminhos bem únicos.

Para nós escritores, os arquétipos de personagens são um conceito simples de compreender, apenas precisamos evitar criar histórias iguais ao que já foi feito, usando da nossa criatividade para enredos e personagens completamentes diferentes. Além disso, cada historia contada, deve se importar mais em criar mundos ricos do que replicar fórmulas do universo do entretenimento.

No final, tudo é questão de usar os arquétipos como pilares, enquanto você constrói em volta todo um mundo único e irresistível.

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Agora me conta, que outros arquétipos de personagens passaram batidos aqui? Deixe nos comentários sua opinião!