curva fichtiana navegando pelas linhas da historia em crise
Escrita Criativa

Curva Fichtiana: Navegando Pelas Linhas da História em Crise

A Curva Fichtiana é uma estrutura em forma de tubarão que oferece uma abordagem eficaz para o planejamento de livros. A ideia central é colocar rapidamente o personagem principal em situações desafiadoras e intensificar esses conflitos ao longo da narrativa. Exploremos mais a fundo essa abordagem!

O que é a Curva Fichtiana?

A Curva Fichtiana concentra-se nos elementos de conflito e crise, dividindo-se em três componentes principais: ação ascendente, clímax e ação decrescente. Sim, lembra bastante a estrutura de 3 atos, mas aqui existe um grande perigo empurrando o enredo.

Durante a ação ascendente, a tensão da história aumenta rapidamente, iniciando com o incidente incitante quase imediatamente, seguido por diversas crises. Esta fase ocupa geralmente os dois primeiros terços do livro, assemelhando-se à estrutura da história em resolução mediana.

O clímax representa o ápice da tensão, o ponto para o qual cada crise tem convergido. Este é o ponto mais crítico da história, a ponta da barbatana.

A ação decrescente consiste nas resoluções finais que se desdobram após o clímax, ocupando geralmente o último terço da narrativa.

the Fichtean Curve Fin

Quem criou a Curva Fichtiana?

John Gardner, um escritor prolífico focado no processo de escrita, formalizou a Curva Fichtiana em “A Arte da Ficção” (existe outro livro com o nome A Arte da Ficção de David Lodge e Guilherme da Silva Braga, mas este é um livro totalmente diferente). Gardner compilou diversas ideias que eram teorias predominantes sobre a estrutura das histórias, criando esta estrutura simples para auxiliar os escritores a compreender como uma narrativa se desenvolve até alcançar uma resolução climática e, posteriormente, encerrar as pontas soltas.

A Curva Fichtiana explicada

A singularidade da Curva Fichtiana reside em sua simplicidade e flexibilidade. Por sua vez, a forma única da barbatana dorsal ilustra o progresso e a tensão da história. Ao contrário de outros dispositivos de enredo que possuem um número fixo de etapas, como, O Círculo da História (Story Circle) de Dan Harmon ou o Método do Floco de Neve (Snowflake), a Curva Fichtiana oferece liberdade na trama. As únicas regras estabelecidas são a ocorrência de várias crises durante a ação ascendente, conduzindo ao clímax, e a resolução na ação decrescente. O escritor tem a liberdade de incluir quantas crises desejar, utilizando essa estrutura simples para construir a história da maneira que preferir.

the Fichtean Curve extra image

Ação Ascendente

Ao planejar a ação ascendente, é crucial introduzir o incidente incitante ou a primeira crise o mais rápido possível. A exposição é então construída em torno desse evento, enquanto os personagens enfrentam seu primeiro grande desafio. Em seguida, os obstáculos tornam-se progressivamente mais desafiadores, conduzindo à crise final e ao clímax, o momento de maior tensão na história. Cada crise deve elevar os riscos.

Clímax

O clímax é o ponto culminante da história, podendo ser uma grande revelação, uma luta épica ou uma perda significativa, dependendo da narrativa. Cada crise antecede o clímax, aumentando sua intensidade. Os personagens superam o clímax devido ao crescimento que experimentaram ao longo da história.

Ação Decrescente

Nesta fase, os leitores têm a oportunidade de respirar. Cada questão e crise são resolvidas de alguma forma. Algumas podem não ter uma resolução completa, especialmente em séries, mas cada uma terá seu momento de resolução, mesmo que temporário.

Exemplos de Histórias que Utilizam a Curva Fichtiana

Peguemos o “Mágico de Oz” como exemplo da Curva Fichtiana, veja abaixo:

  • Incidente Incitante: Um tornado destrói a casa de Dorothy.
  • Crise 1: Sua casa mata a Bruxa Má do Leste, provocando a ameaça da Bruxa Má do Oeste.
  • Crise 2: Dorothy busca a ajuda do Mágico de Oz para retornar ao Kansas.
  • Crise 3: O Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde têm desejos individuais.
  • Crise 4: A Bruxa Má interfere na jornada.
  • Crise 5: O Mágico de Oz exige a vassoura da Bruxa Má como condição de ajuda.
  • Crise 6: Macacos Voadores capturam Dorothy.
  • Clímax: “Estou derretendo!” – Com a ajuda dos amigos, Dorothy derrota a Bruxa Má.
  • Resolução 1: Encontro final com o Mágico de Oz.
  • Resolução 2: Cada amigo de Dorothy encontra o que buscava.
  • Resolução 3: Os Sapatinhos de Rubi levam Dorothy de volta para casa.

Quando Utilizar a Curva Fichtiana?

Devido ao ritmo acelerado da Curva Fichtiana, essa estrutura é especialmente adequada para histórias de mistério e thrillers. No entanto, pode ser experimentada em qualquer gênero, conforme no nosso exemplo que se enquadra em uma fantasia. A melhor maneira de aprender a escrever é experimentar. Caso não funcione, há outras abordagens de enredo que podem se adequar melhor.

Em suma, a Curva Fichtiana é uma ferramenta simples e versátil para planejar a estrutura narrativa. Criando tensão por meio de conflitos que crescem a cada esquina, atingindo um clímax e resolvendo cada problema, é possível desenhar a trama de maneira eficaz, mantendo tudo organizado e envolvente.

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