red herring ou arenque vermelho
Como Escrever Um Livro

Red Herring: o que é um arenque vermelho na literatura?

O uso do Red Herring é para tornar as histórias de mistério mais interessantes e envolventes, porque evitam que o leitor adivinhe o final muito cedo. Isso mantém o leitor conectado na história e os faz querer continuar lendo para descobrir se suas suspeitas estão certos ou se perderam algum detalhe. 

Neste artigo, vamos mergulhar com os arenques vermelhos e descobrir suas reais intenções. Vamos lá?

O que é Red Herring?

O arenque vermelho, ou Red Herring, na literatura é uma informação falsa com intenção de despistar o leitor. Este artifício literário é utilizado mais frequentemente em livros de mistério, thriller, detetive e suspense para distrair o leitor das informações importantes na trama, levando-o para a direção incorreta ou em conclusões erradas, tornando o final ainda mais surpreendente.

Por que usamos pistas falsas em nossos livros?

Pelas pistas falsas adicionarem maior profundida em uma história, criando aquele suspense e reviravoltas inesperadas. Além disso, faz parte da escrita de um romance de mistério ou thriller, ao manterem a dúvida pairando no ar. Isso nos dá aquela sensação de satisfação se conseguimos encontrar as pistas certas ou torna o final uma surpresa se não adivinharmos.

Às vezes, um enredo pode contar com diversos Red Herring. Isso permite deixar o leitor com conclusões diferentes enquanto tenta adivinhar como a história vai terminar. Por sua vez, apresenta um desafio ainda maior, pois quando são usados em um livro, deixam o leitor a todo o momento sem certeza de quem é o culpado ou o que de fato está acontecendo.

Claro que também podem ser utilizadas em outros gêneros literários. Não somente, mas o termo se refere a informações falsas que podem confundir o leitor e lavá-lo a tirar conclusões equivocadas sobre o personagem ou enredo.

Por que chamamos isso de Red Herring ou Arenque Vermelho?

Acredita-se que o termo Red Herring foi usado pela primeira vez em 1807 pelo jornalista William Cobbet. Neste texto, ele acusa a imprensa de relatar a derrota de Napoleão prematuramente. Cobbett disse estarem dando informações falsas para enganar os cidadães e comparou isso à prática de usar um peixe defumado com cheiro forte para atrair cães para longe de seguir um rastro. Por outro lado, não existem provas que essa ação era realizada com cães. No entanto, desde que o artigo foi publicado, o termo “arenque vermelho” tem sido usado para descrever qualquer uso deliberado de informações enganosas

Como curiosidade, não existe um peixe como o Red Herring. Na verdade, pensa-se que o termo se refira a um tipo de peixe defumado e curado em salmoura. Estes peixes geralmente eram arenques e tinham um cheiro muito forte, agora, se for usado muita salmoura, o peixe podia ficar com um coloração avermelhada.

Como as pistas falsas se comparam a outras ferramentas literários?

Muitos escritores consideram o Red Herring uma falácia lógica. Uma falácia logica é um erro de lógica ou raciocínio que cria um argumento infundado ou defeituoso. Não é incomum escritores usarem das falácias lógicas para evitar que os leitores adivinhem a verdade.

Todavia, um arenque vermelho não pode ser considerado defeituoso. O Red Herring é uma lógica correta, apenas apresenta ou mostra informações falsas de maneira convincente, para levar os leitores em conclusões erradas. Portanto, torna o arenque vermelho uma falácia informal em vez de lógica.

Alguns exemplos de falácias informais na literatura:

  • Espantalho — um argumento que distorce o ponto de vista da outra pessoa, deliberadamente deturpando-a para criar um argumento mais forte para você. Ao contrário de um arenque vermelho, um argumento espantalho não apresenta nenhuma informação falsa, apenas distorce a informação que já está lá.
  • Non sequitur — quando uma pessoa muda o foco em uma discussão, então o ponto que está agora não tem relevância para os pontos anteriores. Como um Red Herring, um non sequitur é uma maneira de usar informações irrelevantes para distrair o público do que realmente está acontecendo.
  • Ad hominem — usa as características pessoais de alguém para atacá-lo, em vez de simplesmente atacar o argumento. Ad hominems são usados ​​regularmente na literatura para despistar os leitores, dizendo que alguém está tenso para indicar que é suspeito, mas a pessoa apenas estava nervosa.
  • Escocês — é a construção de um discurso encadeado que permite validar a primeira parte e desmistificar outros argumentos.
  • Bola de neve — o tipo de argumento que propõe ações encadeadas e catastróficas para atitudes mínimas executadas no presente. Geralmente, o personagem não utiliza argumentos cientificamente comprovados ou factuais e recorre à argumentação apelativa.

Outra ferramenta da narrativa semelhante ao Red Herring é o Foreshadowing, ou prenúncio. Esta técnica acontece quando o autor dá pistas simbólicas sobre o que pode acontecer mais tarde na história. Assim como as pistas falsas, o Foreshadowing poder ser enganoso ao fazer o leitor acreditar também em mentiras.

Exemplos de pistas falsas

Há inúmeros exemplos do Red Herring na literatura. Alguns dos exemplos mais famosos são:

  • Um Estudo em Vermelho de Arthur Conan Doyle. Esta é a primeira história de Sherlock Holmes, e Conan Doyle usa uma pista falsa ao fazer o assassino escrever a palavra “rache” na cena do crime. Isso significa “vingança” em alemão, levando o leitor a acreditar que o assassino deve ser alemão.
  • O Código Da Vinci de Dan Brown. O principal suspeito ao longo do romance é o bispo Manuel Aringarosa. No entanto, o arenque vermelho está literalmente em seu nome (em italiano a palavra “aringa” significa “arenque” e “rosa” é “vermelho”).
  • Os livros da saga Harry Potter de JK Rowling. O Professor Snape é apresentado como um homem assustador, agindo intimidadoramente e tendo conexões com o lado das trevas. Isso nos leva a acreditar ao longo dos livros que ele deve estar trabalhando para o vilão contra Harry e seus amigos.

Como escrever um arenque vermelho

Se você está criando suas próprias pistas falsas, aqui vão dicas preciosas:

  1. Seja crível. Se você está colocando um personagem como suspeito em um caso de furto, esse personagem deve ter um motivo plausível para ser o culpado. Eles também devem ter conseguido estar na cena do crime no momento certo.
  2. Precisa ser sutil. Mas não pode ser muito sutil. Se você tornar uma pista tão óbvia que chama muito a atenção do leitor, é provável que a reconheça como uma pista falsa e a ignore. No entanto, se sua pista for muito sutil, o leitor pode nem perceber. Um Red Herring deve ser perceptível, mas não reconhecível
  3. Deve se relacionar com o enredo. Se você introduzir uma pista falsa que não tem relevância para o resto da história, está deixando os leitores desapontados, pois a história não terá um final satisfatório.

Uma coisa valiosa para saber é que as pistas falsas devem ser utilizadas apenas em livros de ficção. Nem tente elaborar isso em livros de Não ficção, é um ato infantil e sem sentido.

Por fim, essas ideias são para tornar seu enredo mais envolvente, principalmente em livros de mistério, thriller, detetive e suspense. No entanto, as pistas falsas nunca devem ser usadas em excesso, você não quer que sua escrita não seja confiável, mas sim que as pistas trabalhem para deixar seu livro ainda mais interessante,

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