regras do dialogo aprenda como escrever conversas entre personagens
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Regras do Diálogo: escrevendo o diálogo como um profissional

As regras do diálogo pontuado, seja na ficção ou não, são pequenas criaturas traiçoeiras. Embora os escritores sejam expostos a centenas de milhares de falas de diálogo, nem sempre estão familiarizados com a forma de pontuar uma cena em que os personagens estão falando uns com os outros. No entanto, essa falta de familiaridade é proposital.

Com diálogos bem escritos, os leitores não devem notar os pontos finais e as aspas. Sua função é tornar as palavras mais fáceis de ler e desaparecer no fundo. Neste artigo, apresentaremos as regras básicas para a pontuação do diálogo. Ao final, você poderá ter certeza de que seu diálogo nunca mais tropeçará nas próprias vírgulas.

De usar travessão, aspas duplas ou simples?

Ao escrever diálogos, geralmente utiliza-se o travessão (—) para indicar a fala dos personagens. O uso de aspas duplas [ “ ] ou simples [ ‘ ] para escrever o diálogo também é comum, mas o travessão é mais amplamente aceito e preferido. Aqui está um exemplo de como você pode estruturar um diálogo utilizando o travessão:

— Onde você está indo? — perguntou Caio.
— Vou ao cinema. Preciso de ideias para meu novo livro. — respondeu Mario.

No entanto, é importante ressaltar que as convenções de pontuação podem variar conforme o estilo de escrita adotado ou as preferências editoriais. Por isso, é sempre bom verificar as diretrizes específicas de formatação e pontuação adotadas pelo editor ou pelo concurso literário em que você está escrevendo (Nos EUA e UK é bem comum o uso de aspas simples e duplas, mas entendo que funciona mais lá culturalmente do que estamos acostumados).

Quando devo usar ponto final no diálogo?

No uso convencional do ponto no diálogo, ele é geralmente colocado nas aspas ou após o travessão, dependendo da estrutura da frase. Aqui estão alguns exemplos:

— O que você vai fazer hoje à noite? — perguntou Ana.

— Vou jantar com alguns amigos e depois assistir a um filme. — respondeu Pedro.

Nesse exemplo, o ponto final é usado para indicar o fim das frases faladas pelos personagens Ana e Pedro. O ponto final é colocado após a fala de cada personagem, encerrando a frase e indicando uma pausa completa.

O Uso da vírgula no diálogo

A vírgula pode ficar dentro ou fora do diálogo, dependendo de como ela é usada na estrutura da frase. Aqui estão alguns exemplos para ilustrar o uso da vírgula:

  1. Vírgula dentro do diálogo:
    • “Preciso terminar este relatório”, disse Maria.
    • “Não se preocupe”, respondeu João, “eu posso te ajudar”.

Nesses exemplos, a vírgula é usada dentro das aspas para separar a fala do personagem do restante da frase. Ela indica uma pausa na fala, mas não encerra a frase completa.

  1. Vírgula fora do diálogo:
    • — Preciso terminar este relatório — perguntou Ana.
    • — Não se preocupe — respondeu João —, eu posso te ajudar.

Nesses exemplos, a vírgula é usada fora das aspas, após o travessão, para separar a fala do personagem do restante da frase. Ela indica uma pausa na fala e também encerra a frase completa.

Usando batidas de ação como tags

Quando um autor está pontuando o diálogo, o objetivo principal de uma tag é permitir que os leitores saibam quem está falando. No entanto, às vezes isso pode ser alcançado sem o uso tradicional de uma tag como “ele disse / ela disse”. Em vez disso, é possível optar por quebrar uma linha de diálogo com uma batida de ação. Nestes casos, a pontuação dentro das aspas deve seguir as regras convencionais.

— Que interessante. — Rodolfo deu meia-volta na sala, como um investigador. — Se nenhum de vocês comeu o biscoito, então quem comeu?

Romper o diálogo com uma etiqueta

Às vezes, os escritores escolhem interromper a linha de um locutor com uma etiqueta de diálogo antes de permitir que eles continuem. Se a tag de diálogo ocorrer entre as frases, deve ser finalizada com um ponto final. Após a etiqueta, retoma-se a citação com a próxima frase, que começa com letra maiúscula.

Por exemplo:

— Não me oponho a mudanças — disse Boris. — , se a tia Carol quer cozinhar frango para o Natal, eu realmente não me importo.

No entanto, se a tag de diálogo ocorrer no meio de uma frase, ela será seguida por uma vírgula. Não é necessário colocar a primeira letra da próxima citação em maiúscula, pois estamos retomando a frase falada anteriormente.

Por exemplo:

— Sempre que a mãe vai à Sorocaba, — Tetsuo sorriu — ela sempre para na casa das tias, para me trazer doces caseiros.

Interrompendo o diálogo

As interrupções no diálogo podem adicionar realismo e dinamismo às conversas entre personagens. Aqui estão algumas maneiras de usar interrupções no diálogo:

— Eu estava pensando se poderíamos ir ao… Desculpe, eu esqueci o que ia dizer, — começou Mara.

— Sem problemas, podemos discutir isso mais tarde — completou Paulo.

Nesse exemplo, a interrupção ocorre com o uso de travessões. A personagem Mara começa a falar sendo interrompida por sua própria hesitação. A fala de Paulo continua após a interrupção.

— Eu estava pensando se poderíamos ir ao…

— Desculpe interromper, mas já tenho outros planos — finaliza Caio.

Nesse exemplo, a interrupção ocorre quando um personagem interrompe a fala do outro. Pedro interrompe a fala de Maria para expressar sua posição.

Ao usar interrupções no diálogo, é importante considerar a fluidez e a naturalidade da conversa, garantindo que as interrupções sejam usadas de forma adequada e não causem confusão aos leitores.

Interromper o diálogo com a ação

Frequentemente, o escritor/narrador vai querer se intrometer com alguma narração no meio do diálogo, seja para inserir ação ou mostrar a reação de um personagem ao que acabou de ser dito. Nesse caso, use o travessão fora das aspas.

Por exemplo:

  • Em um piscar de olhos — o detetive estalou os dedos —, o ladrão foi embora sem deixar vestígios.

Ou

  • O presidente está morto — a sala ficou em silêncio —, e eu sou o homem que o matou.

Diálogo interno

O diálogo interno, também conhecido como pensamento do personagem, pode ser indicado usando apenas travessão. Nesse caso, não são necessárias as aspas. Veja um exemplo:

— Será que devo contar a ele sobre o segredo? — pensou Maria.

Nesse exemplo, o pensamento de Maria é introduzido pelo travessão e não há necessidade de usar aspas. Isso ajuda a diferenciar o diálogo externo (falado) do diálogo interno (pensado).

Você também pode fazer algo assim:

Maria estava inquieta na cadeira. Será que devo contar a ele sobre o segredo? Pensou enquanto derrubava sem querer o lápis no chão.

No exemplo acima o pensamento entra no parágrafo e pode ser um recurso quando você não quer adicionar um diálogo.

Qual a função do diálogo na narrativa?

O diálogo desempenha várias funções importantes na narrativa, que contribuem para o desenvolvimento da história e dos personagens. Aqui estão algumas das principais funções do diálogo:

  1. Revelar informações: O diálogo permite que os personagens compartilhem informações relevantes sobre a trama, antecedentes, eventos passados ​​ou futuros, motivações e intenções. Os diálogos podem fornecer detalhes cruciais para que os leitores compreendam a história de forma mais completa.
  2. Desenvolver personagens: O diálogo revela a personalidade, os traços, os valores e as crenças dos personagens. Através das palavras que eles usam, seu tom de voz, estilo de fala e escolhas de linguagem, os personagens ganham vida e se tornam mais complexos e realistas.
  3. Avançar a trama: O diálogo pode impulsionar a narrativa, fornecendo informações importantes que levam a eventos significativos na história. As conversas entre os personagens podem desencadear ações, conflitos e reviravoltas, levando a trama adiante.
  4. Criar tensão e conflito: Os diálogos podem gerar tensão e conflito entre os personagens, através de debates, argumentos, confrontos e trocas emocionais. Essas interações podem criar momentos de suspense, drama e emoção, mantendo os leitores engajados na história.
  5. Estabelecer o tom e o estilo: O diálogo ajuda a definir o tom geral da narrativa, seja ele leve, sério, humorístico, sombrio, romântico ou qualquer outro estilo desejado. O estilo de fala dos personagens, suas expressões idiomáticas, gírias ou linguagem formal, contribuem para a atmosfera geral da história.
  6. Proporcionar entretenimento e fluidez: O diálogo bem escrito pode tornar a leitura mais envolvente e fluida. Ele quebra a monotonia do texto descritivo e permite uma interação mais dinâmica entre os personagens, proporcionando um ritmo agradável e atraindo os leitores.

Em resumo, o diálogo desempenha um papel crucial na narrativa, oferecendo uma maneira eficaz de transmitir informações, desenvolver personagens, avançar a trama e criar uma experiência de leitura envolvente e cativante.

Aqui estão alguns conselhos práticos para melhorar seus diálogos:

  1. Evite falar demais: O diálogo é útil para fornecer informações importantes aos leitores, mas é melhor quando é conciso e evita muita exposição. Evite que os personagens compartilhem informações que ambos já sabem, pois isso soa vazio e óbvio.
  2. Não revele no diálogo o que está no subtexto: Em vez de os personagens dizerem coisas óbvias, como “Nosso casamento está caindo aos pedaços”, use o subtexto para construir conversas mais sutis. O diálogo tem o poder de inferir emoções e situações, então explore esse aspecto.
  3. Use conflito e voz para mostrar os personagens e suas diferenças: O conflito entre os personagens em diálogo revela seus pontos de vista, metas ou pressupostos opostos. Procure incluir conflitos para mostrar as diferenças entre as vozes dos personagens.
  4. Fuja dos acentos fonéticos: Acentos escritos foneticamente podem parecer falsos ou até mesmo ofensivos culturalmente. Evite usar expressões fonéticas que reforcem estereótipos.
  5. Cuidado com os verbos dicendi: Verbos dicendi excessivos e exóticos tornam o discurso escrito menos crível. Identifique os falantes no diálogo para evitar confusão, mas não é necessário identificar a cada linha.
  6. Cuide do ritmo do diálogo e equilibre-o com a narração: O ritmo do diálogo é importante. Em cenas tensas, as falas devem ser breves e diretas. Se uma fala for um pouco longa, equilibre-a com vícios de linguagem. Balanceie o diálogo com a narração e use descrições para ancorar as conversas no espaço e no tempo.

Seguir esses conselhos ajudará você a melhorar a qualidade dos seus diálogos e torná-los mais envolventes para os leitores.

2 Comentários

    • Raphael

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