como nao escrever um livro cliche
Como Escrever Um Livro

Como NÃO Escrever Um Livro Clichê

Todo mundo adora ver o mocinho e a mocinha se tornando um casal poderoso ou o garoto órfão reencontrando seu pai perdido para uma vida feliz juntos.

Mas o que acontece se a mocinha, na verdade, for lésbica e não estiver interessada no mocinho? Ou se o órfão encontrar finalmente o pai, mas este perecer antes de trocarem qualquer palavra?

Esses exemplos quebram as expectativas dos leitores, ao desafiarem os clichês comuns em livros, TV e filmes.

O que são histórias clichês?

Em todas as histórias, há padrões, arquétipos e estereótipos que se repetem em todos os gêneros e épocas da literatura e do cinema. Esses padrões são conhecidos como clichês.

Todo escritor quer evitar o óbvio, certo? Então, nada mais importante do que fugir dos clichês. No entanto, é preciso entender que, às vezes, é necessário desagradar alguns leitores para sair dos caminhos mais seguros e conhecidos.

Muitas pessoas desejam finais felizes e perfeitos. Outras querem apenas shippar seu casal favorito. Portanto, tramas originais podem descontentar quem ama um clichê.

Mas é impossível agradar a todos! Dito isso, vamos ao próximo tópico.

Os principais clichês do cinema e da literatura e como evitá-los

Existem muitos elementos no storytelling que são clichês: personagens, tipos de relacionamentos, conflitos e cenários. Alguns reforçam estereótipos machistas e homofóbicos. É essencial saber o que evitar, não só para ser original, mas também para não cometer gafes.

Ter personagens que rompem com os estereótipos da sociedade é sempre bom e revolucionário. Vamos ao trabalho!

Personagens clichês

  • O Escolhido: Comum em fantasia e ficção científica, é o herói destinado a salvar todos. Percy Jackson é um exemplo clássico. George R.R. Martin, por outro lado, reverte esse clichê com profecias vagas que podem ser mal interpretadas.
  • A Donzela em Perigo: Usada para mover o herói masculino, é capturada e precisa ser salva, reforçando estereótipos machistas. Aparece em jogos como Mario Bros e contos de fadas como Rapunzel.
  • Mulher Descartável: Está ali apenas para que sua morte motive o protagonista. Desenvolva suas personagens femininas mesmo que pereçam no meio da história, fazendo com que continuem impactando o enredo.
  • O Sociopata: Vilões sem compaixão que farão de tudo para atingir seus fins. Um clichê simplista de Bom x Mal, enquanto vilões mais complexos e com nuances são mais interessantes.
  • Camp Gay: O estereótipo do homem gay extravagante. Em vez disso, crie personagens gays com interesses variados e não necessariamente afeminados.
  • O Popular Valentão: Comum em histórias de ensino médio, é o vilão que pratica bullying. A série 13 Reasons Why exemplifica atletas populares tóxicos e misóginos.

Elementos do Enredo

  • A Transformação: O complexo da Cinderela, onde a mulher precisa mudar radicalmente sua aparência para conquistar algo ou alguém. Filmes como Cinderela e O Diário da Princesa são exemplos clássicos.
  • O Triângulo Amoroso: Clichê querido que causa conflitos e divide os fãs. A série Sense8 inova ao terminar com uma relação poliamorosa.
  • Armadura de Enredo: O herói é essencial e, portanto, não pode ser morto. Histórias mais impactantes são aquelas onde o destino do protagonista é incerto.

Ambiente e Diálogo

  • Surpresa da Luz Ligada: Quando um personagem entra furtivamente em casa e encontra alguém esperando. Um clichê desgastado.
  • “Ele está bem atrás de mim, não está?”: Uma fala comum em comédias quando o personagem fala mal de alguém e percebe que a pessoa está atrás dele. Já está fora de moda.
  • Beijo na Chuva: O casal se beijando na chuva após um conflito é o ápice das cenas clichês e melosas. O público gosta de romance, mas também de realismo.

Alguns clichês são difíceis de evitar, ao serem amados pelo público, mas podem ser reinventados. Outros, como a donzela em perigo e o camp gay, são dispensáveis e não deveriam mais existir.

Minha dica para escritores iniciantes é: se você é homem heterossexual e quer escrever sobre gays, pesquise. Pergunte aos amigos gays e leia sobre psicologia LGBTQ. Se você é branco e quer escrever sobre negros, faça o mesmo. Pesquisas e conversas com pessoas de minorias ajudarão a entender suas vidas e experiências.

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