metodo dwight swain para escrever cenas bem estruturadas
Escrita Criativa

Método Dwight Swain Para Escrever Cenas bem Estruturadas

A habilidade de escrever bem é frequentemente vista como algo desafiador de ensinar, considerando especialmente a natureza pessoal da escrita criativa e a diversidade de preferências entre os leitores. No entanto, ao abordar a autopublicação de livros, a estrutura das cenas emerge como um fator crítico, independente das palavras escolhidas ou das ideias exploradas.

A qualidade de um livro, na perspectiva do leitor, vai além de um enredo bem planejado ou da gramática correta; ela está intrinsecamente ligada à eficácia do autor em transmitir ideias e cativar o público-alvo. Investir na estrutura das cenas desde cedo é uma recomendação valiosa para quem almeja o sucesso na publicação de ebooks.

A inteligente organização das cenas torna o texto mais eficaz, proporcionando clareza, fluidez e agradabilidade à leitura. Dwight Swain, ao dedicar seu tempo ao estudo das técnicas de estruturação de cenas, propõe um método que se aproxima de uma fórmula perfeita.

Método Dwight Swain

Em seu livro Techniques of the Selling Writer, Swain reconhece dois tipos de unidade estrutural menor. A primeira ele chama de “cena” e a segunda de “sequela”.

A estrutura em grande escala, delineada por Swain, distingue duas categorias de cenas: “Scenes” e “Sequels”. Cada uma possui elementos específicos, com as “Scenes” apresentando objetivo, conflito e desastre, enquanto as “Sequels” incorporam reação, dilema e decisão. A ciclicidade desse padrão guia a narrativa até o desfecho da história.

Como aplicar o método de Swain

O propósito fundamental de uma cena é impulsionar a história adiante, e Swain desmembra essa estrutura em três partes essenciais: objetivo, conflito e desastre.

Objetivo: O personagem, como todos, busca algo constantemente. No contexto da cena, esse objetivo é específico e contribui para o objetivo geral da trama. Deve envolver riscos significativos, pois o resultado afeta diretamente a direção da história. Ter metas concretas e específicas é crucial, ao fornecerem ao público o contexto necessário para avaliar o progresso ou retrocesso na narrativa.

Conflito: O conflito surge quando o personagem encontra oposição em sua busca pelo objetivo. Essa oposição pode ser direta ou indireta e é essencial para testar a dedicação do personagem ao seu objetivo. O conflito deve aumentar ao longo da cena, trazendo complicações e desenvolvimentos, oferecendo desafios gradativos. Swain destaca a importância do conflito em mostrar o quanto o personagem valoriza seu objetivo.

Desastre: Ao final do conflito, ocorre um desastre, um evento significativo que pode não ser necessariamente devastador, mas tem o potencial de alterar resultados futuros. O desastre representa o “Não, e…” ou “Sim, mas…” na narrativa, adicionando um novo problema mesmo se o objetivo inicial for alcançado. Deve ter riscos e ramificações para manter o interesse do público, deixando-os ansiosos pelo que acontecerá a seguir.

Exemplo — A Viagem de Chihiro (Spirited Away)

  • Objetivo: Chihiro deve atravessar o rio antes do anoitecer para evitar ficar presa no mundo espiritual.
  • Conflito: Encontrando porcos em vez de seus pais, Chihiro enfrenta espíritos enquanto tenta voltar para o carro antes do anoitecer, mas o rio está inundado.
  • Desastre: O rio inundado impede a travessia, a noite cai (“Não…”) e Chihiro percebe que está ficando transparente (“e…”).

Essa estrutura, delineada por Swain, proporciona uma base sólida para criar cenas envolventes e cativantes, mantendo o leitor interessado na narrativa.

Conclusão

Ao aplicar esse modelo, é crucial identificar a personagem principal de cada cena, considerando seu ponto de vista narrativo. Tanto a personagem central quanto o protagonista podem ser a personagem principal, dependendo do contexto da cena. A estruturação das “Scenes” envolve um objetivo claro, um conflito que apresenta obstáculos e um desastre que mantém o leitor envolvido. As “Sequels” são uma resposta emocional ao que ocorre nas “Scenes”, culminando em um dilema e, finalmente, uma decisão.

A estrutura em pequena escala, segundo Swain, adota os “Grupos de Motivação/Reação” (GMRs). Estes consistem em “motivação”, um estímulo externo e objetivo, e “reação”, as respostas internas e subjetivas da personagem principal. A alternância rítmica entre motivação e reação, separadas em parágrafos distintos, contribui para um fluxo natural na narrativa.

Enquanto a criação inicial pode ocorrer livremente, a etapa crucial emerge durante a edição do livro. A análise crítica das cenas em relação às categorias “Scene” ou “Sequel” e a identificação de seus elementos específicos são fundamentais. A adaptação das cenas para seguir as estruturas propostas, desde a organização das “Scenes” e “Sequels” até a aplicação rigorosa dos GMRs, assegura uma narrativa coesa.

Portanto, ao considerar o método de Dwight Swain, é possível criar uma cena perfeitamente estruturada ao longo de todo o livro. A prática contínua e a incorporação dessas diretrizes podem resultar em uma escrita fluida e envolvente. E você, autor, o que pensa sobre o método de Swain para criar cenas bem estruturadas? Experimente e compartilhe os resultados!

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