
Como se Tornar um Escritor de Viagens em 5 Etapas
Para muitas pessoas, caminhar pelas montanhas dos Andes ou experimentar a culinária típica de um vilarejo no interior da França é uma experiência rara. Para um escritor de viagens, no entanto, esse tipo de vivência pode fazer parte da rotina de trabalho. Escrever sobre viagens vai muito além de relatar passeios: trata-se de transportar o leitor para destinos distantes, despertar emoções, contar histórias humanas e criar conexões culturais.
Cada escritor trilha um caminho único nesse ofício, mas existem princípios fundamentais que ajudam a transformar o amor por viajar em uma carreira sólida e recompensadora. A seguir, você confere cinco passos essenciais para iniciar sua jornada como escritor de viagens.
1. Desenvolva habilidades de escrita descritiva e pesquisa profunda
A base de qualquer escritor de viagens está na capacidade de observar o mundo com atenção e traduzir essas observações em textos vívidos e bem informados. Mais do que diplomas em Letras ou Jornalismo, o que importa aqui é o domínio da linguagem, a sensibilidade ao detalhe e o comprometimento com a apuração.
A escrita descritiva é o seu principal instrumento: ela dá vida a cenários, sabores e atmosferas. Um bom exemplo é o escritor Paul Theroux, que em suas narrativas transforma paisagens áridas em retratos cheios de textura emocional. Para alcançar esse nível de profundidade, cultivar o hábito de registrar impressões durante as viagens é essencial. Tenha sempre um caderno ou aplicativo à mão — o cotidiano se torna matéria-prima valiosa quando bem observada.
Além disso, a pesquisa é aliada indispensável. Investigar a fundo o contexto histórico, cultural, social e até político de um lugar permite ir além da superfície turística e oferecer ao leitor um conteúdo mais rico, verdadeiro e impactante.
2. Conte histórias envolventes com os detalhes certos
Escrever sobre viagens não é relatar tudo o que você viu — é escolher com precisão os elementos que tornam uma experiência memorável. Saber o que incluir e, principalmente, o que deixar de fora é o que diferencia uma boa narrativa de um diário de bordo maçante.
Foque no que é único: uma conversa com um morador local, uma tradição curiosa, um momento de contemplação inesperado. Histórias bem contadas não somente informam, mas tocam e inspiram. Para isso, desenvolva um olhar narrativo: perceba conexões, contraste realidades, explore dilemas e mergulhe no que faz cada lugar ter alma.
Se estiver escrevendo para revistas ou sites, lembre-se de que há limites de espaço. Ser conciso sem perder a riqueza é uma arte — e um diferencial profissional.
3. Domine outras habilidades importantes para a profissão
A escrita é o coração do trabalho, mas ser um escritor de viagens completo exige outras competências que vão além das palavras.
Entrevistas
Conversar com as pessoas certas pode render insights incríveis. Saber conduzir entrevistas com empatia e escuta ativa vai abrir portas para histórias que não constam nos guias turísticos. Como fez Anthony Bourdain em suas viagens, aproxime-se das culturas por meio das pessoas — elas são as verdadeiras embaixadoras de seus territórios.
Fotografia
Imagens complementam a narrativa. Um bom texto pode ser elevado por uma foto expressiva, e muitas publicações valorizam profissionais que entregam um pacote completo. Aprender os fundamentos da fotografia — composição, luz, cor — com seu celular já é um ótimo começo.
SEO e plataformas digitais
Conhecimentos básicos de SEO (otimização para mecanismos de busca) são cada vez mais valorizados. Saber usar palavras-chave, criar títulos atrativos e estruturar textos que performem bem online amplia sua visibilidade e atrai mais leitores — especialmente se você tiver um blog próprio ou escrever para plataformas digitais.
4. Construa seu portfólio e encontre seu nicho
Antes de tentar escrever para grandes revistas, é importante mostrar do que você é capaz. Um portfólio consistente é sua vitrine: ele prova suas habilidades, sua visão e sua identidade como autor.
Encontre um nicho
Se especializar em um tipo de viagem ou público-alvo ajuda a se destacar. Você pode escrever sobre viagens sustentáveis, gastronomia regional, experiências de luxo, aventuras ao ar livre ou destinos acessíveis para famílias. Ter um foco não limita sua criatividade — pelo contrário, fortalece sua voz e facilita ser reconhecido em um mar de concorrência.
Publique textos (onde for possível)
Blogs pessoais, mídias sociais, colaborações com sites menores ou até plataformas de conteúdo aberto são ótimos lugares para começar. O importante é ter textos publicados, ou seja, clipes (como se diz no jargão jornalístico). Eles servirão como seu currículo e aumentarão sua credibilidade ao se candidatar a oportunidades maiores.
5. Busque oportunidades no mercado editorial (ou crie as suas)
Com experiência acumulada, você terá duas rotas principais para seguir profissionalmente: trabalhar como redator fixo em uma publicação ou continuar como freelancer.
Redator de viagens em tempo integral
Algumas revistas e jornais contratam redatores para suas seções de viagens. É uma opção com mais estabilidade e, muitas vezes, mais recursos para explorar destinos. Nessas funções, é essencial saber trabalhar em equipe, cumprir prazos e ter textos publicados de qualidade comprovada.
Carreira como freelancer
Ser freelancer oferece liberdade criativa e geográfica. Você escolhe os destinos, os temas e o tom. Claro, há desafios — como negociar com editores, garantir fluxo de trabalho e manter renda —, mas também há muitas oportunidades. Com um bom portfólio, SEO afinado e um blog com autoridade, você pode conquistar visibilidade, leitores fiéis e parcerias com marcas ou empresas do setor.
E não se esqueça: existem formas diversas de monetizar seu conteúdo, como programas de afiliados, e-books, cursos e até projetos audiovisuais. A chave está em manter-se atualizado com as tendências e saber adaptar seu trabalho ao que o público e o mercado buscam.
Finalizando a jornada
Escrever sobre viagens é mais do que relatar lugares bonitos. É conectar culturas, traduzir experiências e inspirar outras pessoas a olhar o mundo com novos olhos. Se você tem paixão por descobrir e compartilhar, e disposição para se dedicar às múltiplas facetas da escrita de viagens, esse pode ser o seu caminho.
A jornada pode ser longa, mas cada passo é uma nova história a ser contada. Boa viagem — e boa escrita.

