10 livros imperdíveis para quem quer ler autores LGBTQIA+
A literatura é uma poderosa ferramenta de expressão e representatividade, capaz de abrir portas para novas perspectivas e vivências. Neste artigo, mergulharemos em um mundo de palavras e emoções, explorando 10 livros imperdíveis escritos por autores LGBTQIA+. Cada obra é uma janela para a diversidade de experiências humanas, oferecendo histórias que celebram identidades, lutas e amores. Ao embarcar nessa jornada literária, você descobrirá narrativas cativantes que ecoam as vozes de uma comunidade que merece ser ouvida, respeitada e amada.
Apenas uma Garota de Meredith Russo
Inspirado por suas próprias vivências, o livro de Meredith Russo narra a história de Amanda, uma adolescente que enfrenta a mudança para uma nova cidade. Além dos desafios de adaptação à nova escola e à casa que agora divide com seu pai, de quem estava afastada há anos, Amanda vê a chance de começar uma nova vida do zero. Se apaixonando por Grant, ela anseia compartilhar seus segredos, mas receia que ele não a aceite como é – antes de ser Amanda, era Andrew. “Apenas uma Garota” aborda a questão da identidade de gênero na adolescência com leveza e otimismo, conforme a autora expressou em uma entrevista ao Washington Post, desejando “um livro no qual coisas boas aconteçam a uma pessoa trans”.
Lucas & Nicolas – Um Amor Adolescente de Gabriel Spits
A adolescência é uma fase repleta de desafios, marcada por hormônios tumultuados, uma sensação de alienação e os primeiros amores. Contudo, para quem é gay e sofre com o bullying na escola, esses desafios podem se tornar ainda mais intensos. É exatamente o que acontece com Lucas, um jovem nerd, no romance de estreia de Gabriel Spits. Em meio a um ambiente homofóbico em sua pequena cidade no interior de São Paulo, Lucas encontra um refúgio na amizade virtual com um colega gay assumido e orgulhoso. Quando um novo aluno, Nicolas, surge na escola, atleta, popular e atraente, cabe a Lucas a responsabilidade de ajudar o “forasteiro” nos estudos, nos quais ele enfrenta dificuldades. Lucas percebe que nutre sentimentos pelo novo colega, criando uma situação na qual pode não encontrar o refúgio que tanto deseja. “Lucas & Nicolas” é uma leitura que lança luz sobre a experiência de um adolescente gay que está descobrindo sua sexualidade, podendo ser valiosa para pais e professores em busca de compreender o que se passa na mente desses jovens.
Nimona de Noelle Stevenson
Noelle Stevenson, uma das quadrinistas mais aclamadas de sua geração, nos leva a uma jornada única em “Nimona”. A protagonista, audaciosa metamorfa, sonha em se tornar a comparsa do terrível vilão Lorde Ballister Coração-Negro. Quebrando estereótipos de representação feminina na cultura pop, Nimona oferece uma mistura cativante de fantasia, ação e comédia, garantindo risadas e entretenimento aos leitores. A obra rendeu a Stevenson indicações para os prestigiosos prêmios National Book e Eisner, além de figurar na lista de best-sellers do New York Times. Agora, uma adaptação cinematográfica pela 20th Century Fox Animation está a caminho.
Você É Minha Mãe? de Alison Bechdel
Em “Fun Home”, a graphic-novel que elevou Alison Bechdel à fama no mundo dos quadrinhos, a autora explora sua relação complexa com o pai. Ele era um professor de literatura e um homem gay enrustido que também gerenciava uma agência funerária na casa da família. Entre esses eventos, Bechdel entrelaça suas descobertas intelectuais e sexuais, incluindo seu processo de revelação da homossexualidade à família aos dezenove anos. O livro é uma profunda reflexão sobre gênero, família e morte, e conquistou vários prêmios, incluindo o título de Livro do Ano pela revista Time, sendo a única graphic-novel a receber tal honra.
Em sua continuação, Bechdel continua a explorar seu passado, focando agora na relação com sua mãe. Ela era uma atriz apaixonada por música e literatura presa em um casamento infeliz. Neste relato emocionante e divertido, a autora investiga o abismo que a separa de sua mãe, que deixou de tocá-la ou beijá-la antes de dormir quando ela tinha apenas sete anos, para sempre. Em busca de respostas e uma nova perspectiva para o futuro delas, Bechdel combina elementos tão diversos quanto a vida e obra do psicanalista Donald Winnicott, ilustrações do Dr. Seuss e sua própria vida amorosa, marcada pela monogamia em série. A autora empreende uma jornada delicada e surpreendente em busca de uma trégua frágil com sua família.
Garotas Normais de Georgia Clark
“Garotas Normais” é uma narrativa elogiada pela crítica, repleta de humor afiado, que segue a vida de três amigas na faixa dos vinte anos, Evie, Krista e Willow, enquanto enfrentam as complexidades da vida em Nova York. Elas tentam encontrar seu lugar no mundo, lidando com as típicas questões da juventude, até que uma poção mágica chamada “Bonita” surge, prometendo exatamente o que o nome sugere. As mudanças são notáveis, mas quando o efeito da poção desaparece, elas confrontam o lado sombrio de suas escolhas. Nas páginas de “Garotas Normais,” a autora australiana Georgia Clark oferece uma reflexão bem-humorada sobre a noção de beleza feminina e valores individuais, mostrando sua versatilidade como roteirista e performer.
Muchacha de Laerte
“Muchacha,” originalmente publicada na Folha de S.Paulo, é o primeiro “graphic-folhetim” da carreira da autora Laerte. Ambientada nos bastidores de um programa de televisão, a série oferece uma revisão elaborada e divertida dos seriados de aventura da década de 1950, ao mesmo tempo em que resgata as memórias afetivas de sua infância.
Assim como o trabalho que Laerte vem realizando em sua tira diária no jornal, “Muchacha” apresenta diversas camadas de interpretação. Os leitores podem buscar a resolução do suspense na trama, explorar o humor, que, embora menos óbvio que nos personagens anteriores da autora, é rico em insinuações e alusões, transformando o livro em algo muito mais do que uma simples paródia.
As aventuras do Capitão Tigre, Sulfana, Milhafre, Lairo, Djalma, Cabayba e outros personagens, são um jogo fascinante sobre a natureza das histórias em quadrinhos e a arte de contar uma narrativa. Laerte constantemente quebra as expectativas dos leitores, transitando entre ficção e realidade, drama e humor. Essa abordagem não busca apenas explorar os limites narrativos, mas sim abrir novos caminhos na linguagem das HQs.
“Muchacha” combina elementos de suspense, romance, memória e política, consolidando o lugar de Laerte como uma das grandes artistas brasileiras em atividade. No final do livro, Rafael Coutinho, coautor do romance gráfico “Cachalote” e filho de Laerte, ilustra uma aventura de oito páginas do Capitão Tigre, encerrando a obra de forma magnífica.
A Menina Submersa de Caitlín R. Kiernan
“A Menina Submersa: Memórias” é uma verdadeira fábula, um conto povoado por sereias e licantropos, uma história de fantasmas e, acima de tudo, uma profunda história de amor disposta como um intrincado quebra-cabeça pós-moderno. A narrativa conduz o leitor por um labirinto de crescente doença mental, tecendo camadas de mitos, mistérios, beleza e horror. Esta obra é um fluxo de arquétipos desafiando a distinção entre o “real” e o “verdadeiro,” resultando em uma das mais impressionantes fantasias obscuras dos últimos anos.
Reverenciado como uma “obra-prima do terror” pela nova geração de leitores, o romance incorpora elementos de realismo mágico e acumulou mais de cinco indicações a prêmios literários fantásticos, tendo vencido o prestigioso Bram Stoker Awards em 2013.
Amora de Natália Borges Polesso
Nas páginas destas histórias, que exploram as diversas manifestações do amor entre mulheres, desvendamos um retrato delicado do mundo visto através de protagonistas ricas em nuances e complexidades. Juntas, elas compõem um mosaico de experiências que abrangem violência e ternura, desejos e caos, liberdade e muito mais. Essas emoções se materializam em situações tão diversas quanto a descoberta de coincidências inesperadas entre uma neta lésbica e sua avó, o fascínio por uma vizinha enigmática ou o ritual onírico de um casal de idosas em uma manhã de domingo.
Vencedora do Prêmio Jabuti e traduzida para diversos idiomas, “Amora” se estabeleceu como um clássico contemporâneo. Agora, esta edição definitiva nos presenteia com três novas narrativas, juntamente com textos da autora e convidadas que refletem sobre a obra, sua produção e sua relevância.
Quinze dias de Vitor Martins
Felipe esperou ansiosamente por esse momento desde o início das aulas: as férias de julho finalmente chegaram. Ele sonha em escapar da escola e dos colegas que o atormentam, planejando maratonar seus programas favoritos, colocar em dia sua leitura e absorver novos conhecimentos através de tutoriais no YouTube – habilidades que talvez nunca aplique na prática.
Entretanto, seus planos saem dos trilhos quando sua mãe anuncia que concordou em hospedar Caio, o vizinho do 57, por longos quinze dias, enquanto os pais dele estão fora. O pânico toma conta de Felipe por dois motivos: a) Caio foi sua primeira paixão na infância (e há uma grande possibilidade de que essa paixão ainda esteja presente) e b) Felipe carrega uma lista infinita de inseguranças e não sabe como interagir com o vizinho.
Os dias que prometiam ser de paz, tranquilidade e maratonas épicas no Netflix acabam se transformando em um turbilhão de emoções, forçando Felipe a confrontar todas as questões não resolvidas que o atormentam.
Você tem a vida inteira de Lucas Rocha
As vidas de Ian, Victor e Henrique se entrelaçam a partir do diagnóstico do HIV. A insegurança de Victor surge ao descobrir que Henrique, com quem está iniciando um relacionamento, é soropositivo. Mesmo tendo praticado sexo seguro, ele decide fazer um teste. Logo após obter um resultado negativo, Victor conhece Ian, um jovem universitário que acaba de receber notícias que podem mudar sua vida. Movido pelo impulso de ajudar Ian, Henrique conecta os destinos desses três personagens.
Lucas Rocha narra a história a partir das perspectivas desses três indivíduos, explorando seus medos, esperanças e o preconceito enfrentado por aqueles que vivem com o HIV. Contudo, a narrativa não gira em torno de culpa ou doença, mas sim sobre como podemos construir nossas próprias famílias e nunca esquecer que ainda temos toda uma vida pela frente.
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À medida que fechamos este capítulo, reforçamos a importância da literatura como uma ponte para a compreensão e empatia. Através desses 10 livros inspiradores e inesquecíveis, esperamos que tenha encontrado um tesouro de narrativas que o desafiem, o emocionem e o eduquem sobre as experiências LGBTQIA+. Que essas histórias o encorajem a explorar ainda mais, a questionar, a se conectar e a celebrar a diversidade que enriquece o nosso mundo. Ler é uma aventura, e quando abrimos as páginas de livros que representam toda a riqueza da experiência humana, estamos verdadeiramente enriquecendo nossas vidas.