a londres que mudou a minha vida
Crônicas

A Londres Que Mudou a Minha Vida

Viajar sozinho para Londres? Se alguém me dissesse isso há alguns anos, eu teria rido da ideia, ou talvez, congelado de medo. A verdade é que sempre fui o tipo de pessoa que, só de pensar em sair da zona de conforto, já sentia o estômago revirar. Mas, em um daqueles momentos em que a vida te empurra, decidi enfrentar o medo de frente e embarcar nessa aventura.

Minha relação com o medo é antiga, quase como um velho conhecido que sempre está por perto, sussurrando inseguranças em meu ouvido. Ele esteve comigo em todos os momentos, especialmente durante aqueles anos em que ataques de pânico se tornaram parte da minha rotina. E agora, lá estava ele novamente, tentando me impedir de realizar algo que, para muitos, seria apenas mais uma viagem. Mas para mim, era um marco.

Subir as escadas do avião foi como encarar um velho inimigo. As mãos suadas, o coração acelerado, o medo de ser engolido por aquela lata de metal que desafiava a gravidade. Mas, dessa vez, eu não estava disposto a ceder. Cada passo que dei até o meu assento foi uma pequena vitória, uma prova de que, mesmo com medo, eu podia continuar.

Londres me recebeu de braços abertos, e o que encontrei lá foi muito mais do que monumentos históricos ou paisagens de cartão-postal. Encontrei uma versão de mim mesmo que, até então, desconhecia. A solidão, que antes me assustava, tornou-se uma companheira reveladora. No silêncio das minhas caminhadas pela cidade, comecei a perceber que a coragem sempre esteve dentro de mim, adormecida, esperando o momento certo para se revelar.

Claro que nem tudo foram flores, ansiedade batendo na porta a cada esquisa, voo atrasado, incerteza se o hotel recebera meus dados adequadamente, taxas que quiseram me cobrar para fazer check-in e outros perrengues que qualquer um diria ser chic. Passar por sufocos nunca é bom, seja em locais famosos ou na sua própria rua.

A volta para casa reservava mais uma surpresa: uma sessão de autógrafos do meu último livro, Frágil Como Origami, na Feira do Livro do Porto. Um convite que eu jamais teria aceitado se fosse alguns anos atrás. A velha sensação de medo tentou se impor, mas já não tinha o mesmo poder sobre mim. Sentei na minha cadeira com as pernas bambas, é claro, mas com o coração cheio de uma nova certeza: a de que enfrentar meus medos é, na verdade, uma das formas mais puras de liberdade. Se for pra ir, que seja com medo mesmo!

Agora, olhando para trás, vejo que essa viagem não foi apenas sobre conhecer Londres ou realizar um sonho. Foi sobre descobrir quem eu realmente sou, além das inseguranças e dos temores que me aprisionavam. Voltei dessa aventura como uma nova pessoa, alguém que entende que o medo pode estar sempre por perto, mas que a coragem para seguir em frente, apesar dele, é o que realmente importa.

E se este vídeo parece apenas mais um para alguns, para mim, ele é a prova viva de que sonhos podem, sim, se tornar realidade — mesmo que você os realize com um pouquinho de medo no coração.

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