Explorando os Fundamentos Filosóficas do Horror Cósmico na Literatura
Em uma trama típica de Horror Cósmico, um cientista de mente racional e cética se depara com um evento inexplicável. Movido por sua curiosidade, inicia uma investigação própria, descobrindo indícios que desafiam as leis científicas estabelecidas. À medida que se aprofunda, percebe que o evento transcende as compreensões humanas. No entanto, sua persistência o leva a desvendar a causa, apenas para descobrir que é algo além da capacidade compreender, levando-o à insanidade ou sua própria morte.
Essa é a narrativa essencial do horror cósmico, também conhecido como “medo cósmico”, tornou-se proeminente no início do século XX, consolidando-se entre autores de língua inglesa. O termo foi popularizado por Howard Phillips Lovecraft, o renomado autor do “Os Mitos de Cthulhu”. Seu universo ficcional é habitado por monstruosidades que transcendem o tempo e o espaço, consolidando-o como o principal nome dessa categoria, hoje muitas vezes chamada de lovecraftiana.
O cerne dessas histórias, segundo o pesquisador brasileiro Caio Alexandre Bezarias, reside no “A Totalidade Pelo Horror. O Mito na Obra de Howard Phillips Lovecraft”, descrevendo a origem remota de um cosmos organizado. Esses relatos exploram o início de todas as coisas, estabelecendo limites intransponíveis para o conhecimento humano. O horror cósmico revela vislumbres do caos primordial, afastando-se de temas religiosos convencionais e apresentando criaturas indescritíveis.
Na obra de Lovecraft, o verdadeiro horror surge da consciência da insignificância humana diante do caos primordial, lembrando-nos de nossa condição efêmera. Embora Lovecraft tenha delimitado o território, outros escritores anteriores, como Arthur Machen, Robert W. Chambers e Algernon Blackwood, já exploravam temas semelhantes.
A estética do horror cósmico encontra uma base filosófica no ensaio de Edmund Burke sobre o sublime. Para Burke, o horror desempenha um papel central na experiência do sublime, a emoção mais intensa. As histórias de horror cósmico provocam um assombro profundo, paralisando a capacidade de agir e pensar.
A definição de Lovecraft para o horror cósmico ressalta que o horror enfrentado é superior à capacidade humana de suportá-lo. Segundo Burke, essa força é “irresistível”, resultando na incapacidade de raciocinar diante do assombro. Quase um século depois, o apelo dessas narrativas persiste, evidenciado pelo contínuo surgimento de livros, filmes, séries e jogos. O mito cosmogônico continua a fascinar, expandindo-se com os avanços da física quântica, explorando territórios que desafiam os limites do horror cósmico.
Assim, testemunhamos um aumento crescente de personagens fictícios dispostos a sondar as frestas do tempo e do espaço, proporcionando-nos um deleite enquanto exploram o desconhecido.