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Resenha: O Peso do Pássaro Morto, de Aline Bei

O primeiro livro de Aline Bei, “O Peso do Pássaro Morto” (Editora Nós), tem em vista cativar com uma estrutura narrativa que tenta mesclar prosa poética com um pseudo-romance.

A trama é simples: uma mulher narra em primeira pessoa sua vida desde os 8 até os 60 anos. No entanto, como Aline Bei organiza e desenvolve o enredo é peculiar e pode parecer confusa para o leitor.

Os capítulos são intitulados com a idade da protagonista, começando aos 8, passando pelos 17, 18, 28, 37, 48, 50, 52, 60, e até após sua morte. A autora revela, nos títulos, que a protagonista perece, o que pode tirar parte do suspense da leitura.

Embora a tentativa de uma linguagem madura seja evidente, a protagonista, sem nome, parece estagnada emocionalmente desde a infância. No primeiro capítulo, a narração de uma criança soa autêntica, mas à medida que a personagem envelhece, a falta de maturidade emocional se torna evidente.

A perda é o fio condutor da narrativa, mas não espere entender sobre a morte do pássaro mencionado no título. A vida da protagonista é marcada por violência gratuita e banalidade, refletindo uma existência triste e sem perspectiva. A cada novo capítulo, a resiliência da protagonista é testada, mostrando que, diante das perdas e violências, a única saída é a morte. Mesmo tentando aparentar controle, a personagem parece tão perdida quanto aos 8 anos.

O livro não oferece esperança, sendo uma leitura breve e esquecível. O tom uniforme dos capítulos se perde, destacando a violência gratuita da vida sem oferecer pontos positivos ou aprendizado. A trajetória da personagem é uma repetição de dores e desilusões, que acabam sendo esquecidas, assim como suas próprias dores.

Esperava-se mais de um livro premiado. “O Peso do Pássaro Morto” se mostra uma leitura pretensiosa, com uma prosa que se pretende poética, mas que lembra mais uma conversa informal, com frases curtas, sem pontuação adequada e grandes espaços vazios.

Apesar de parecer um fluxo fácil de leitura, a curiosidade em saber se o livro melhora impulsiona o leitor a continuar. No entanto, a decepção prevalece.

No final, “O Peso do Pássaro Morto” é uma leitura de poucas horas, esquecível e superficial. A estreia de Aline Bei reforça a sensação de cansaço e falta de originalidade na literatura contemporânea nacional.

Nota:

2/5 | 🌟🌟

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