como escrever uma historia de terror
Como Escrever Um Livro

Como Escrever uma História de Terror com 7 Dicas Práticas

Escrever uma história de terror pode ser tão desafiador como a leitura destas obras, não pelo teor de seus enredos, mas por nos fazer encarar frente a frente nossos maiores medos. De início, alguns nomes podem passar pela sua cabeça, como Stephen King, Mary Shelley, Anne Rice, Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft e muitos outros internacionais.

Por outro lado, não podemos esquecer dos escritores nacionais de terror, como André Vianco, Daniel Gruber, Bruno Ribeiro, Oscar Nestarez, Irka Barrios e tantos outros extremamente talentosos. Agora, se você não leu nenhum destes, já pode guardar estes nomes e ir atrás dos seus livros.

O terror é um dos gêneros literários que possui uma base sólida de fãs, sempre desesperados, no bom sentido, por encontrar sua próxima dose de fortes emoções. À seguir, você vai descobrir passo a passo como escrever uma história de terror, vamos lá?

7 dicas para escrever uma história de terror assustadora e arrepiante 😱

Para se tornar um mestre do terror, seguir essas dicas poderá te ajudar, mas lembre-se que como escritor, a liberdade criativa sempre está em suas mãos e você pode usar diversos recursos para construir sua narrativa, como a estrutura de três atos, método Zettelkasten, Escaleta e o Método Cornell.

Explore os medos mais comuns

O medo é sem dúvidas a parte mais importante de qualquer história de terror. Dito isso, dificilmente os leitores deste gênero estão em busca de enredos para rir, na verdade, estão em busca do que os deixe excitados e aterrorizados. Por sua vez, vamos nos aprofundar nos elementos que realmente vão assustar o seu leitor.

Medos instintivos

As armas mais potentes do terror são os medos com algum fundamento lógico ou biológico. Por exemplo, o medo do escuro, de altura, cobras, aranhas e todas aquelas fobias compartilhados por diversas pessoas.

Como resultado, elas tendem a ser muito eficientes para assustar os seus leitores, afinal, aquilo que dá medo em nosso mundo, quando transportado para o papel, é amplificado e pode receber uma cama ainda mais macabra do que nossa mente é capaz de imaginar.

Monstros e criaturas sobrenaturais

O mundo da lógica dá lugar ao estranhamento. Em suma, todos os seres não reais, como fantasmas, lobisomens, demônios, duendes, vampiros, alienígenas e outros seres fantásticos, que quando transportados ao papel, transformam a sua estranheza em combustível para despertar um tom mais sinistro e nos fazer perguntar o que faríamos se estes seres realmente existissem.

Tensões sociais

Explorar as tensões sociais e as preocupações do dia a dia é um tipo de terror extremamente peculiar e inovador. Imagine, explorar os efeitos dos racismo, o abandono pelos pais, os efeitos da guerra na mente de um soldado, a eleição de um tirano, o pneu estourar de madrugado no meio da estrada e outros eventos tão reais do nosso cotidiano que expressam um realismo aterrorizante.

Crie a atmosfera certa

A ambientação certa para sua história depende do tipo de terror que você deseja escrever. Por exemplo, você quer muito sangue ou uma pegada mais sombria? Independente disso, o tom e a atmosfera da sua história depende do subgênero, que podem ser:

  • Body horror: confundido com o gore, o horror corporal explora as violações corporais, podendo ser mutilação, doenças, zumbificação ou transformações não naturais.
  • Found Footage: é basicamente um ambiente de documentário, seja este em vídeo, entrevista ou análise de documentos. Em suma, os elementos devem dar entender que os próprios personagens vivenciaram e viveram aquilo.
  • Gore: também conhecido como splatter, esse subgênero do terror é a violência e conteúdos perturbadores, com muito sangue e vísceras.
  • Psicológico: o oposto do gore, pois todo o terror está na perseguição mental, paranoia, desconfortos e aflição.
  • Slasher: composto por um enredo de pessoas escapando de um assassino em série e muitas mortes.
  • Sobrenatural: demônios, assombrações, exorcismo, vampiros, lobisomens e todos os seres não naturais que possam assombrar sua trama.
  • Thriller: são aqueles com uma boa carga de suspense, onde os personagens estão sempre com medo do que poderá lhes acontecer.
  • Trash: lembra dos famosos filmes trash, bem toscos e com um enredo de pessoas fazendo besteira e com péssimas atuações? Agora coloque todos os clichês em seu livro e terá um enredo ao estilo trash.

Também é possível combinar subgêneros, especialmente à medida que a história avança. Além disso, não importa que tipo de terror você está trabalhando, ele deve ser profundamente potente para o seu leitor se assustar durante a leitura.

Torne as apostas óbvias

Quer que seu leitor sinta a emoção? Então alerte-os sobre o que está em jogo e estabeleça de forma clara os problemas ou motivações dos seus personagens, por exemplo:

  • Sobrevivência: o objetivo pode apenas querer sair vivo de uma situação de risco, ou enfrentar todos os riscos e ainda assim sobreviver ao terror.
  • Protetor: quanto maior o número de pessoas em que o protagonista deseja manter em segurança, maiores são as apostas do que pode dar errado e o que está em jogo.
  • Em busca da verdade: nem sempre querem escapar do perigo, mas descobrir sobre terrores do passado, que aconteceram anos atrás, apenas para descobrir que eles são o próximo alvo.

A principal coisa a lembrar quando se trata de terror é que se não estiver claro os riscos, o impacto não será tão grande em seu leitor.

Considere cuidadosamente o seu ponto de vista

Nosso leitor precisa se relacionar com o personagem principal, de modo que, quando as apostas são altas, eles vão sentir cada emoção como se fosse real. Por sua vez, devemos escrever em primeiro ou na terceira pessoa?

Ponto de vista em primeira pessoa no terror

O ponto de vista da primeira pessoa é excelente para prender o seu leitor do início ao fim, mantendo o suspense durante sua história. No entanto, para longos livros e para esconder algumas coisas dos seus leitores, pode ser difícil utilizar essa ferramenta narrativa.

As vantagens são poder fazer seu leitor sentir as mesmas emoções e dores do seu personagem, acompanhando e vivenciado cada capítulo. Porém, você deverá narrar no presente, principalmente se seu protagonista não sobreviver, afinal, quem está contando a história do passado se este já morreu?

Ponto de vista da terceira pessoa no terror

Se seu livro não está andando bem na primeira pessoa, pode valer a pena arriscar escrever na visão da terceira. Além disso, esse tipo de narrativa permite construir uma certa atmosfera e mostrar coisas que o seu protagonista pode não estar atento.

Ideal para livros mais longos de terror, a terceira pessoa explora diversas camadas para aumentar a tensão do seu leitor e dá maior liberdade para que outros personagens tenham alguma voz na narrativa. Em suma, na primeira pessoa você não sabe dizer se alguém está dizendo a verdade ou não, mas na terceira o narrador pode insinuar esse detalhe e mudar ainda mais a sensação de perigo.

Narradores nada confiáveis

Como alternativa para a primeira pessoa, o emprego de um narrador não confiável é capaz de produzir grandes reviravoltas. Em resumo, é aquele que tem a sua credibilidade comprometida, seja por mentir ou por apresentar uma sanidade mental duvidosa e normalmente acompanhado de ações fora da conformidade do enredo.

Deixar tudo bem claro, ou trazer reviravoltas?

As reviravoltas são incríveis e podem se tornar memoráveis para seus leitores. No entanto, pode ser difícil de executar, já que se você não tomar cuidado durante sua escrita poderá deixar tudo muito previsível ou clichê.

Então: como lidar com as expectativas? Essa é a questão.

Grandes reviravoltas de terror tendem a seguir o caminho comum: a vítima acaba sendo o assassino, a pessoa que pensávamos estar morta não estava, ou ainda nem existiu, tudo estava na cabeça do protagonista o tempo todo, e muitos outros clichês deste gênero.

Agora, tenha em mente que pequenas e sutis reviravoltas na trama podem ser muito eficazes. Afinal, você não precisa ter uma reviravolta de diversas páginas, pode ser apenas uma frase ou acontecimento que deixe seu leitor sem os pés no chão.

Por outro lado, o fator suspense do que pode acontecer, suas implicações e demais itens, acaba sendo uma abordagem melhor. Dessa forma, quando o momento de tensão finalmente chegar, mesmo que seu leitor tenha noção do que for acontecer, ainda tem um impacto dramático na história. Exemplo, queimar os ossos da bruxa levará a uma batalha, tudo bem esperar por esse momento, pois a tensão será justamente como isto deve acontecer.

Não se esqueça do básico de uma história de terror

Qualquer romance, independente do seu gênero, é sobre um personagem que tenta atingir determinado objetivo com base em algum desejo ou necessidade individual. Portanto, uma história apenas que viva do terror, dificilmente conseguirá se manter em pé.

Talvez possa te ajudar se responder algumas questões, como:

  • Quais medos ou desafios seu protagonista deve superar?
  • Quais decisões serão tomadas para colocá-los nesta provação?
  • Como podem superar ou escapar do vilão da história? Se é que vão conseguir…
  • Existem consequências de suas ações?

Isso o ajudará a criar um esboço básico para seu enredo, pois uma grande história de terror equilibra o drama com realismo e tanto o suspense com o alívio. Afinal, até seus personagens precisam de alguma pausa, se os deixar no suspense o risco é que seu leitor se sinta péssimo durante a leitura.

Procure ser inovador e criativo

Se quiser se destacar no meio do terror, você precisa começar a pensar sobre as tendências que excessivamente são repetidas e se certificar de não fazer mais do mesmo. Por exemplo, casas abandonas em que pessoas decidem se mudar e de resto você já imagina tudo que pode acontecer. No entanto, não significa evitar os principais elementos e tendências populares, imagine que você precisava apenar tornar seu livro único em meio a tantos outros.

Agora, claro que diversos enredos e boas histórias de terror já foram escritas, mas de fato muitos enredos quando apresentam novidades ou diferenças do que entendemos como costumeiro, deixam de lado o clichê e apresentam uma nova abordagem ao leitor.

Pense na quantidade de filmes, séries e livros que são lançados para o gênero, alguns são iguais aos outros, mas fazem um imenso sucesso. Portanto, deixa de lado a paranoia e lembre que apenas por ter lido este guia, você está muito próximo de ser tornar um autor de terror de sucesso.

Sua orientação para uma história de terror assustadora está quase pronta!

Agora com as dicas em mãos, não esqueça de ler bastante livros deste gênero, lembrando dos autores que mencionei no começo, e pega os mais diversos insights para escrever o seu próximo livro ou até mesmo conto de terror.

E aí, autor? Qual o livro mais assustador que você já leu ou escreveu?

O que mais te assusta neste tipo de gênero? Conte-nos nos comentários!

Raphael T. A. Santos é apaixonado por SciFY e literatura, tendo estado presente nas primeiras edições das antologias do Grupo Editorial Andross, com 6 contos, possuindo também uma publicação na antologia Rupturas, produzido no âmbito do Curso de Introdução à Escrita Criativa, coordenado pelo autor Tiago Novaes e, de forma independente, o conto de terror cósmico, Umidade, e atualmente escreve suas crônicas, tópicos de escrita criativa, carreira literária e marketing no site Escrita Selvagem. Publicou o seu primeiro livro de romance, Mãe de Sal, em 2021. Frágil como Origami é o seu segundo livro.

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